segunda-feira, 7 de novembro de 2011

Maldade

Em o "Livro dos Espíritos", questão 630, os benfeitores espirituais afirmam a Kardec que "o bem é tudo o que está de acordo com a lei de Deus, e o mal é tudo o que dela se afasta".

No livro intitulado "A Gênese", no capítulo III, afirma Allan Kardec que "sendo Deus o princípio de todas as coisas e sendo todo sabedoria, todo bondade, todo justiça, tudo o que dele procede há de participar dos seus atributos, porquanto o que é infinitamente sábio, justo e bom nada pode produzir que seja ininteligente, mau e injusto. O mal que observamos não pode ter nele a sua origem". Origem essa que, conclui o codificador, procede do próprio homem no exercício do seu livre-arbítrio.

Diante desses conceitos, devemos atentar para as nossas atitudes e pensamentos em relação ao próximo, uma vez que muitos indivíduos não consideram suas ações como maldosas, por entenderem que maldade teria um conceito diverso, mais gravoso.

Praticar o mal, no entanto, significa realizar tudo aquilo que deixa o próximo infeliz, que incite a separação, as contendas, o ódio nos corações humanos, o desequilíbrio e a miséria moral. Ainda que nosso pensamento não se concretize, através de uma ação, o "simples" fato de pensar o mal, já traz consequências infelizes para nós e para os outros.

Inclusive, uma atitude comum a todos nós e que leva no próprio nome a maldade é a maledicência.

Apesar de muitos pensarem que falar mal de alguém não se constitui como maldade, devemos recordar as palavras de nosso Mestre amado, quando nos aconselhou a perdoar as ofensas, retribuir o mal com o bem e amar aos nossos inimigos.

Quando pensamos mal de alguém, e consequentemente transformamos em palavras a nossa intenção inferior em relação a outrem, enviamos para esta uma carga de sentimentos infelizes, contrários à Lei de Amor que deve viger nos corações daqueles que se propuseram a seguir o Nazareno.

Evitemos, portanto, dar ensejo à maledicência no nosso trato diário com o próximo, além das outras inúmeras paixões que nos caracterizam a alma em erro, trazidos de séculos na inferioridade e na prática do mal.

Nos leciona Joanna de Ângelis: "E as paixões hoje são quase as mesmas de ontem, senão mais açuladas, mais violentas e devastadoras, no homem que prossegue inquieto".

Diante desse quadro percebido por um espírito de tão elevada estirpe, devemos nos indagar se formamos esse grupo humano, que continua a satisfazer suas paixões de forma ainda mais violenta e devastadora, atrasando-nos a marcha de forma aparentemente eterna, mas que um dia será retomada, seja por escolha própria, seja pela imposição da dor.

Allan Kardec, insígne codificador, aduz: "Deus não criou o mal; foi o homem que o produziu pelo abuso que fez dos dons de Deus, em virtude de seu livre arbítrio".

Ora, como Deus haveria de criar algo que contrarie sua própria Lei? O que Ele criou foram seres capazes de igualmente criar obras de menor magnitude, mas que poderiam verter para a bondade ou serem direcionadas para causar infelicidade.

Sendo assim, nós, Humanidade, através do poder que nos foi concedido pela Divindade, optamos pelas obras que produzimos, dedicando-nos a criar tudo que acelera a evolução da sociedade ou realizar tudo aquilo que atrase nossa marcha evolutiva, ainda que temporariamente.

Lázaro, em uma mensagem intitulada "A lei de Amor", presente no Evangelho Segundo o Espiritismo, nos traz o seguinte ensinamento:
Em sua origem, o homem só tem instintos; quando mais avançado e corrompido, só tem sensações; quando instruído e depurado, tem sentimentos. E o ponto delicado do sentimento é o amor...

Os instintos, as sensações e os sentimentos estarão presentes na existência humana em determinadas combinações, durante todo o processo evolutivo, com a preponderância de alguns sobre os outros.

Na fase inicial de sua jornada – na condição de simples e ignorante – é possível que o instinto lhe seja o melhor guia; à medida que desenvolve as potências da alma – a inteligência, a vontade – ele tende a apegar-se às sensações, pois não desenvolveu ainda, na mesma proporção os sentimentos, que permanecem como presença latente e promessa futura; como a inteligência desenvolve-se mais rapidamente, na ausência de sentimentos como a fé, a esperança, a caridade, o homem tende a prender-se à sensações materiais; por fim, aliando a inteligência (instruído) e as experiências de vida (depurado), os sentimentos começam a ocupar maiores espaços de manifestações anímicas no homem.

Podemos, assim, afirmar que os instintos e as sensações ainda convivem conosco hoje, pois como espíritos encarnados, imersos em um corpo físico, estamos sujeitos às leis e às atrações da matéria, porém os sentimentos tendem a dominar-nos a alma, aliado à inteligência, que já temos desenvolvido sob as suas diversas modalidades.
Podemos perceber, assim, que de forma geral, os seres humanos priorizam o avanço intelectual para, após, preocupar-se com o avanço moral (sentimentos). Enquanto este último não chega, estão entregues às sensações impostas pela matéria, envolvendo-se com a satisfação dos prazeres proporcionados pelo sexo, poder e demais sensações meramente materiais.

Após o sofrimento, que é consequência natural do abuso das aludidas paixões, o homem passa a atentar-se para o sentimento, preocupando-se mais com o próximo, com as dores alheias e com o avanço sentimental.

Quando, então, atingirmos o patamar mais elevado de prática do Bem, estaremos livres de qualquer sentimento inferior, dentre eles o mais prejudicial, que é o da maldade, responsável pelas dores que tanto conhecemos neste Orbe.

Com esperança no futuro que nos chega a passos lentos, temos a certeza de que, à medida que depuramos nossos corações, a maldade vai fazendo parte de nosso passado sombrio, que um dia não será nada mais que uma lembrança ruim de um tempo que jaz há muito esquecido!

terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ele nos aguarda

No cotidiano humano, especificamente no meio religioso, é comum encontrar aqueles que se distanciam de Deus.

Uns temporariamente, outros em definitivo.

Seja por razões pecuniárias, seja pela desilusão amorosa, situações há em que as pessoas, antes com uma fé aparentemente inquebrantável, tornam-se frágeis diante das dificuldades ou revoltadas diante da incompreensão alheia.

Inúmeros são os motivos que podem afastar-nos do contato divino. Entretanto, jamais devemos preferir a revolta, o desencanto pelas leis morais, a irritabilidade diante de um constrangimento ou qualquer outra conduta menos feliz, a qual somente atrasará nossa marcha evolutiva.

O trabalho nos toma muito tempo, impedindo-nos de termos maior disponibilidade para o assuntos d'alma? Transformemos, então, estes raros momentos, em profunda meditação e disciplina. Analisemos, ainda, se realmente as ocupações diárias são realmente improrrogáveis ou se não passam de momentos naturalmente dispensáveis diante da necessidade maior de reforma interior.

Se a nossa consciência evita a oração, o momento de repouso íntimo e a busca da meditação com Deus, é sinal de que nossos pensamentos, atitudes ou intenções estão dessintonizados para com a Vontade Divina.

É natural sentirmos vergonha de nós próprios quando analisamos nossos atos e percebemos o quanto de inferioridade ainda carregamos. Devemos recordar, porém, que Deus é nosso Pai Maior, e jamais se ofende com nossos atos, pois Ele compreende a nossa situação moral e faz todo o possível para nos reabilitarmos à Sua Lei.

Sendo assim, cultivemos o hábito de orar, conversar com Deus, com nossos Espíritos mentores, com nosso irmão maior, Jesus. Essa conduta nos trará o conforto necessário para lidarmos com as perdas, com as situações desagradáveis e com o sofrimento. E, acima de tudo, servirá para manter-nos sintonizados com a Divindade, favorecendo-nos nas decisões a serem tomadas em nossa existência.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Espiritismo – Dúvidas comuns

A crença espírita, adotada por milhares de seres (encarnados e desencarnados) é amplamente conhecida pela sociedade a qual faz parte, porém, muitos desconhecem as benesses que os ensinamentos espíritas trazem para as almas humanas.

Medo, dúvida, apreensão, preconceito. Esses são apenas alguns exemplos dos sentimentos que envolvem grande parte da população em relação à causa espírita. Quantos confundem o Centro Espírita com centros de Umbanda? E no que concerne à doutrina espírita em si? Existem aqueles que a denominam “kardecista”, sendo que tal termo não coaduna com os postulados espíritas, vez que nós, espíritas, não seguimos a Kardec, no sentido lato da palavra. Seguimos, sim, à Jesus, e, por esse motivo, o Espiritismo é uma religião (ou ciência) cristã.

Digo religião ou ciência pois tal doutrina não pode ser entendida somente pela análise de um desses aspectos. Pela visão do que se entende por religião, o Espiritismo corresponde a todos os requisitos desta, uma vez que seus seguidores são instruídos a melhorarem suas atitudes, evoluírem seus pensamentos e buscar uma conduta diária pautada nos ensinos do Mestre Jesus. Assim, não há dúvida acerca da possibilidade de enquadrar tal doutrina como religião.

Ainda assim, existe outra classificação passível de análise: Considerar o Espiritismo como uma ciência. Ora, tal afirmativa parece absurda para muitos estudiosos e principalmente para os leigos. Assim consideram pois não enxergam o aprofundado estudo que se teve na origem dessa iluminada doutrina. E, inclusive, é daí que provém o erro de considerar Kardec como “inventor” do Espiritismo.

Com uma análise rápida na história do Espiritismo, podemos verificar que Allan Kardec buscou estudar os fenômenos espíritas, os quais desde os primórdios, sempre fizeram parte da realidade humana. Com esses estudos, Kardec pôde constatar a veracidade dos fatos ali analisados, a qual foi alcançada com as diversas experiências efetuadas pelo mesmo, buscando desmascarar toda e qualquer farsa, todo e qualquer fingimento ou fraude.

Quando Kardec verificou que não havia fraude alguma e que efetivamente existia a possibilidade dos espíritos que antes habitaram a Terra voltarem para se comunicar conosco, temporariamente encarnados, o aludido professor procedeu com a compilação dessas experiências, nas quais os espíritos superiores nos trouxeram o direcionamento correto a ser seguido em nossas vivências terrenas, formando, assim, o que hoje entendemos por doutrina espírita.

Assim, Kardec redigiu o Pentateuco, que leva este nome em razão do número de livros lançados por ele para informar o Mundo da Realidade Espiritual. Dessa forma, muitos confundem a função de Kardec. Alguns o consideram criador da doutrina. Outros entendem que os espíritas o seguem os passos, servindo-o de modelo para nossas condutas. Porém, como já tratado anteriormente, ambas as visões estão equivocadas.

Os livros redigidos por Kardec são muitíssimo importantes pois este foi o primeiro e único a compilar as experiências vividas junto ao Mundo Espiritual e sua conseqüente comunicabilidade com o mundo físico de forma organizada e cronológica, favorecendo para demonstrar a seriedade do tema e o quanto ele influencia em nossas vidas. Dessa forma, consideramos Allan Kardec como um ícone incomparável da doutrina espírita. No entanto, ainda assim não o temos como “modelo e guia da Humanidade”.

Mesmo porque todo o conteúdo do Pentateuco é baseado nos ensinamentos trazidos há mais de dois mil anos, por Jesus Cristo. Por isso que uma análise superficial da doutrina não permite ao aventureiro compreender toda a amplitude do assunto. Mas o fato é que temos por Jesus o grande Modelo a ser seguido e, desde o Seu retorno às Paragens Celestiais, o Planeta ainda não demonstrou total fidelidade aos postulados aqui deixados.

Sou suspeito para falar, tendo em vista que sou Espírita (ou ao menos tento ser), porém, afirmo com total certeza que essa doutrina libertadora auxilia a quem lhe procure a alcançar a paz espiritual e a evolução necessária para atingir a perfeição.

Basta agora procurar uma Casa Espírita séria (sou obrigado a usar esse termo em virtude da quantidade de centros espíritas que estariam mais enquadrados no termo “equivocados”) e se dedicar ao trabalho em prol do próximo, favorecendo, em contrapartida ao seu próprio espírito na romagem terrena, caracterizada por dificuldades e dores complicadas de serem compreendidas sem a devida análise da realidade espiritual que os rodeiam.

domingo, 4 de setembro de 2011

O Recomeço

A manhã se iniciara mais uma vez gélida na cidade de Weimar, situada ao leste da Alemanha.

Aos seus moradores, porém, o frio insuportável não chegava a incomodar, pois o calor das lareiras e o aconchego de seus pesados cobertores afastavam qualquer arrepio provocado pela baixa temperatura.

A situação, no entanto, era totalmente diferente poucos quilometros dali, na colina de Ettersberg, onde estava erguido o Buchenwald, um campo de concentração em intensa atividade.

Anos antes do ultimato dado por Hitler, objetivando "higienizar" a Europa das raças consideradas impuras, aquela era uma pacífica comunidade, onde reinava a simplicidade e a tranquilidade entre seus moradores. Com o advento da segunda grande guerra, no entanto, o quadro modificou-se sobremaneira, pois para ali foram direcionadas algumas milhares de vítimas da inconsequência germânica, tornando-se doloroso lar temporário de judeus, poloneses, prisioneiros de guerra russos e testemunhas de Jeová.

Uma vez dentro da grande edificação, impossível era escapar da sanha feroz dos soldados alemães, conhecidos por se utilizarem de práticas violentas e criminosas para com as vítimas do Holocausto.

À esquerda do grande portão de ferro que guardava a entrada principal do campo, foram erguidas as câmaras de gás, as quais possuíam a falsa aparência de banheiros públicos, para que quando os judeus e demais vítimas fossem direcionados para o suposto "banho", fossem surpreendidos com a emissão intensa de um gás letal, suficientemente poderoso para aniquilar centenas de vidas em alguns minutos.

À direita, situava-se extensa galeria de fornalhas gigantes e grande quantidade de bigornas e metais pesados, os quais eram transportados pelos prisioneiros jovens e adultos até que esfalececem já sem vida ao chão, esgotados pelos intensos sacrifícios.

É nesse local que encontraremos Houssef, comandante de primeira classe do 3o Heich, grupo de elite  formado por Hitler especialmente para o comando dos campos de concentração. Esse homem era o mais temido naquele terrível lugar devido às atrocidades que cometia e pela frieza de sentimentos.

- Mais rápido! Mais rápido, eu disse! - bravejava Houssef à fila de prisioneiros, que carregavam pesadíssimas bigornas.

Aqueles homens obedeciam silenciosamente, para evitar as agressões costumeiras do terrível alemão que os vigiavam.

Esquálidos, sem forças para prosseguir, alguns deles caíam ao chão, esgotados pelo trabalho intenso, pelo que eram quase que imediatamente chicoteados e espancados até que se levantassem novamente.

A fome, o frio, a humilhação provocada pela ironia alemã os impactava o ser, que não podiam responder às agressões, uma vez que encontravam-se totalmente subjugados àquele poderio militar.

E assim, desencanavam aos milhares, seja pela ação da fome, das doenças que proliferavam naquele local imundo ou pela violência fatal praticada pelos responsáveis da dominação germânica. Pelas mãos de Houssef centenas padeceram incontáveis sofrimentos, além de abandonarem o corpo físico em razão de ações violentas do mesmo, angariando para si próprio extensa lista de débitos para com a Lei Divina, a qual age no momento adequado, buscando renovar o ser e fazê-lo voltar-se para a realidade eterna da sobrevivência do espírito.

Nessa condição terrível, observaremos Houssef desencarnar, após doloroso transpasse em enfermaria localizada na cidadela. Abatimento inexplicável havia tomado-lhe o ser inesperadamente. Seus poucos familiares nada puderam fazer, pois, quando descobriram a enfermidade, o processo degenerativo já se encontrava em estágio avançado, deixando a "vítima" totalmente subjugada pela doença.

A mazela que atingiu seu sistema gástrico esgotou as poucas reservas fluídicas mantenedoras da vida em nosso personagem. A conduta totalmente entregue à maldade sem medida provocara-lhe a rápida ação da enfermidade, que consumiu-lhe as forças em poucas semanas.

Impossível descrever a situação de Houssef quando deparou-se com a realidade espiritual. Os espíritos que, quando encarnados, foram suas vítimas, tornaram-se agora seus algozes, revidando através da força tudo aquilo que sofreram nas mãos do antigo comandante, o qual não mais possuía o status dominador de outrora.

Desatenciosos para com a supremacia da Lei Divina, que permite os sofrimentos e catástrofes diárias, obedecendo às consequências do livre arbítrio e da infelicidade que nós próprios plantamos na colheita da Vida, prosseguiam os espíritos arrefecidos no ódio e na busca de vingança desmedida, acabando por reafirmarem os laços expiatórios entre a vítima e seus perseguidores.


Anos se passaram desde os acontecimentos narrados acima. Na busca por informações por Houssef, somos direcionados ao Chifre da África, no nordeste do continente, especificamente na Somália.



Agora, após intensos sofrimentos em regiões trevosas da espiritualidade inferior, encontraremos o antigo comandante ariano reencarnado em tribo africana abandonada pelo governo local, auxiliada somente por organizações não governamentais dedicadas à minimização das dores mundiais.


Deitado num tapete de palha, seminu, num corpo mirrado, completamente necessitado de nutrientes e demais substâncias imprescindíveis para o devido desenvolvimento do corpo humano, está encarcerado o espírito de Houssef, agora denominado Obadele, que significa "o rei chega a casa".

Presenciamos aí a perfeita aplicação da lei de causa e efeito, onde os indivíduos se deparam com as mesmas dificuldades proporcionadas aos semelhantes em existências pretéritas.

Antes, Houssef proporcionava dor e sofrimento aos seus subjugados, e agora, após verificar com sua própria consciência os atos praticados, aplica inconscientemente (através da lei de Deus em nosso subconsciente) na formação do novo invólucro carnal a culpa que carrega.

Logicamente, a misericórdia Divina não pretende alimentar um círculo vicioso onde sempre há um agressor e um ofendido, porém, os seres que se dedicam ao mal não pretendem abandonar suas concepções egoísticas e prosseguem na subjugação dos semelhantes.

Dessa forma, deformam seus perispíritos, os quais transmitem aos genes do novo corpo que receberão em encarnação posterior, as medidas necessárias para se reconciliarem com a Lei Divina.

Não podemos olvidar que, apesar de nossos irmãos sofredores estarem colhendo a infelicidade antes semeada, cada um de nós tem o dever cristão de auxiliar a quem quer que seja, sem analisar o mérito de cada um, tendo em vista que todos somos devedores e a ninguém podemos julgar, considerando-nos superior a quem quer que seja.

Nossos irmãos africanos, e tantos outros necessitados de auxílio fraterno, merecem toda nossa atenção e comiseração, pois, apesar de se encontrarem em terrível expiação, muitos deles já encontraram a paz íntima necessária para prosseguirem evoluindo, enquanto que muitos de nós, alimentados, vestidos e cercados de conforto, encontramo-nos com o coração dominado pela inveja, egoísmo e maldade.

Haverá um dia em que medidas desse teor não serão mais necessárias, pois os indivíduos não mais provocarão dores aos seus semelhantes, perturbando-lhes a mente e trazendo danos de difícil reparação aos seus perispíritos, os quais somente são sanados através de reencarnações dolorosas, exercitando dessa forma a boa convivência e o aprendizado de amor ao próximo.

terça-feira, 9 de agosto de 2011

Oração no Lar

“Influem os Espíritos em nosso pensamento, e em nossos atos?”.
- Muito mais do que imaginais. Influem a tal ponto, que, de ordinário, são eles que vos dirigem.”
(O Livro dos Espíritos, Allan Kardec, questão 459).


Desconhece a Humanidade o quanto somos influenciados pelos seres desencarnados. Inúmeros desastres familiares são ocasionados pela interferência de espíritos infelizes, que se comprazem com a queda moral alheia, vibrando intensamente por atitudes coléricas e deprimentes de nós outros, na luta cotidiana.

É imperioso reconhecer que cada indivíduo tem a plena capacidade de escolher aquilo que lhe apraz, vez que o livre arbítrio é componente inconfundível da Justiça Divina, que permite a liberdade de escolha por nossa parte, mas que também nos relembra da responsabilidade de nossos atos, além de permitir que a espiritualidade superior ou inferior nos influencie os pensamentos.

O ambiente familiar é determinado pela qualidade de pensamentos que os componentes da família estão vinculados. Se mantêm um ambiente doméstico caracterizado por discussões, ironia, contendas desnecessárias e todo tipo de emanação vibratória negativa, certamente em tais ambientes, também se encontrarão espíritos infelizes, vinculados à matéria e subjugados às suas exigências imediatas.

Se, do contrário, mantivermos ambiente salutar em nossos lares, através do pensamento sempre vinculado às Alturas, evitando palavrões, utilização de qualquer espécie de drogas ou vícios atrozes, e buscando manter a harmonia nas relações, certamente aí estarão espíritos da mais bela estirpe, caracterizados pela pacificação íntima e os quais nos sugerem idéias renovadoras e soluções simples para os nossos problemas diários.

Por esse motivo, devemos manter sempre um clima de tranquilidade e paz em nossa casa. Para tanto, é necessário que a nossa casa íntima esteja equilibrada, ou seja, a nossa mente deve estar sintonizada com nosso mentor espiritual e com aqueles que se afeiçoam a nós e desejam nosso bem, os chamados espíritos amigos. Essa ligação direta com as forças superiores é alcançada através da oração, instrumento imprescindível para a elevação de nosso ser espiritual.

André Luiz, no livro Conduta Espírita , diz que “quem cultiva o Evangelho em casa, faz da própria casa um templo do Cristo.”

Ainda ele, em outra famosa obra, denominada "Os Mensageiros", foi ensinado pelo instrutor espiritual chamado Aniceto:

“Toda vez que se ora num lar, prepara-se a melhoria do ambiente doméstico. Cada prece do coração constitui emissão eletromagnética de relativo poder. Por isso mesmo, o culto familiar do Evangelho não é tão-só um curso de iluminação interior, mas também processo avançado de defesa exterior, pelas claridades espirituais que acende em torno. O homem que ora traz consigo inalienável couraça. O lar que cultiva a prece transforma-se em fortaleza, compreenderam? As entidades da sombra experimentam choques de vulto, em contato com as vibrações luminosas deste santuário doméstico, e é por isso que se mantêm a distância, procurando outros rumos...”

Nos ensina Joanna de Ângelis em seu livro Messe de Amor, na página “Jesus Contigo”, que nós distendemos da nossa casa a luz do Evangelho para o “mundo atormentado”. E diz ainda  que a casa que ora beneficia a rua inteira, e que num prédio, um único apartamento em que haja culto do Evangelho no Lar é capaz de iluminar todo o edifício.

Algumas dessas passagens nos demonstram a importância da prece diária e do cuidado que devemos ter para não sofrermos influências danosas de espíritos ainda imperfeitos como muitos de nós, e que desejam interferir negativamente em nossas vidas.

Assim, sigamos o exemplo único do Mestre amado, o qual silenciou diante da ofensa, honrou seus pais e perdoou toda a Humanidade, conservando um amor inabalável por nós, sabendo que num futuro, ainda que distante, atingiremos a sua esfera bendita, coroada de bençãos e verdadeira felicidade nos planos Celestes.

domingo, 31 de julho de 2011

O cavalo esverdeado e o seu cavaleiro chamado Morte.

Tema de muita relevância foi tratado essa semana no Profissão Repórter, programa televisivo da Rede Globo, o qual abordou a problemática do jovem e as drogas.

No programa, foram registrados momentos de extremo sofrimento de crianças completamente tomadas pelo uso do 'crack', conhecido entorpecente que extermina milhares de vidas a cada ano em nosso Planeta. Algumas dessas crianças, moradoras de rua, estão sendo retiradas das vias públicas pela polícia do Rio de Janeiro, a qual recebeu autorização judicial para tanto há dois meses.

Achei fantástica a intervenção estatal do poder de polícia em defesa das crianças e adolescentes da Cidade do Rio de Janeiro. Espero que tal medida seja adotada também pelo Estado do Rio e demais Estados e Municípios brasileiros.

Voltando, porém, à problemática trazida pelo programa, vale ressaltar a difícil situação vivida por estes meninos completamente dominados pela química devastadora da droga e igualmente pelo domínio de forças inferiores invisíveis que facilmente influenciam na vontade desses espíritos, tornando-os agressivos e agitados, e até mesmo com uma força descomunal.

Certo infante, quando retirado da rua e direcionado a um Centro especializado para tratamento de dependentes químicos, ficou completamente transtornado e agressivo, cuspindo nos repórteres e nos servidores daquela bendita casa de serviço, debatendo-se e berrando enquanto tentavam acalmá-lo e medicá-lo.

O mais interessante foi notar que a realidade descrita em diversos livros espíritas, ditados por célebres autores espirituais, concretizava-se claramente aos olhos dos expectadores, pois a referida criança de apenas 12 anos somente foi contida por 6 funcionários da casa.

Ora, tal força somente pode ser explicada pela atuação de espíritos inferiores vinculados ao garoto, igualmente viciados pelo uso frenético das drogas e que alimentavam a vontade do seu uso incessante. Tais casos de obsessão são descritos na literatura espírita e sempre trazem esse traço, demonstrando a força descomunal de seres mirrados quando contrariados, sendo estimulados pelos espíritos infelizes em sua luta contra aqueles que consideram obstáculos à sua busca de sensações inferiores.

Em certo ponto da reportagem, um dos enfermeiros se afasta um pouco do menino e é interrogado pelo repórter sobre a situação. O servidor responde ofegante que a abstinência da droga gera tal estado de alucinação e ira, onde são necessários muitos homens para segurar apenas uma criança ou adolescente. A força que estes adquirem assusta a qualquer um que desconheça a realidade espiritual por trás do desequilíbrio físico.

Dentre tantos outros motivos, é evidente que a ausência de sentimento familiar e educação no Lar contribui para esta realidade, mas não podemos esquecer também que cada ser opta por aquilo que mais lhe agrade, seja tal escolha boa ou não para a sua evolução.

Após nos emocionarmos com a matéria, minha mãe e eu conversamos sobre este tema. Em certo momento, ela me questionou, filosofando sobre a problemática, o porque de tantas expiações em nosso país, sendo que ela aprendeu com Divaldo Pereira Franco e Irmão X, que os problemas sociais de nossa terra chamada Brasil decorrem do carma adquirido pela Guerra do Paraguai e pela Escravatura em nossas paragens.

Ela estava se questionando nesse sentido pois achava o sofrimento muito grande e que se perdura por muito tempo, além de fazer sofrer a nós todos quando nos deparamos com essa realidade, não somente os personagens diretos da trama.

Acabamos por chegar à conclusão (provavelmente intuitivamente), que os sofrimentos que hoje vivenciamos, causados pela utilização das drogas são a concretização de um dos aspectos do Apocalipse previsto por João em sua visões do futuro.

Já me referi aqui no blog sobre essa questão, demonstrando que a linguagem arcaica e mitológica de João decorreu da época em que o mesmo teve as visões do Apocalipse. Dentre elas, descrevera as carruagens de fogo sobrevoando os céus, que provavelmente seriam os aviões cuspindo balas ou bombardeando nações, confirmadas pela Primeira e Segunda grandes guerras.

Dessa forma, não seria exagero considerar as drogas, que hoje parecem dominar o Mundo, como a peste também vislumbrada pelo apóstolo.

Vejamos alguns trechos bíblicos acerca do desdobramento do espírito de João, observando a paisagem espiritual revelada por seres Superiores:

"(...) Quando abriu o quarto selo, ouvi o quarto Ser vivo dizer: “Vem!” Vi então um cavalo esverdeado, e o seu cavaleiro era chamado “a Morte”, e a Morada dos mortos o acompanhava. Foi-lhe dado poder sobre  a quarta parte da terra, para que matasse pela espada, pela fome, pela peste e pelas feras da terra.(...) E na minha visão, vi os cavalos e os cavaleiros do seguinte modo: tinham couraças de fogo, jacinto e enxofre. As cabeças dos cavalos pareciam cabeças de leões, e de suas bocas saía fogo, fumaça e enxofre. A terça parte da humanidade morreu por causa destas três pragas: o fogo, a fumaça e o enxofre que saíam das bocas dos cavalos."

Fogo, fumaça e enxofre. Não seria uma referência à utilização de entorpecentes como o crack, onde se acende o cachimbo com o fogo, e se expele densa fumaça?

Tudo isso não passa, porém, de interpretações, as quais podem ter outro significado. O importante aqui é registrar a causa de tantos sofrimentos em nosso planeta. Não podemos negar que as drogas configuram-se como verdadeiras pestes, que dizimam milhares de vidas em nosso Orbe. Assim, certamente podem ser consideradas como uma das causas de aflição e sofrimento terreno.

Doenças físicas certamente são causas de aflição e revolta de muitos, no entanto, não devemos olvidar das doenças que possuem um efeito ainda mais devastador: a doença moral. Essa sim pode trazer consequências terríveis aos seus portadores, e sua cura depende de diversos fatores físicos e morais, mas principalmente deste último.

Certo alívio me toma igualmente quando me apercebi desta acepção que as drogas tomaram em minha consciência. Quero dizer que sempre que leio as passagens bíblicas que se referem ao Apocalipse, me vem a ideia de que ninguém será poupado e o sofrimento extremo será imputado a todos os habitantes do Orbe, sem exceção.

No entanto, ao analisar um dos sofrimentos descritos por João como decorrência da opção feita pelos usuários de drogas, chego a sentir certa tranquilidade por saber que não mais pretendo me dedicar à vícios dessa natureza, estando, dessa forma, fora do grupo o qual necessitará de um corretivo moral severo.

Certamente viver num planeta onde outros seres optam por se entregar a tais vícios, acarreta num sofrimento coletivo incomparável e doloroso. No entanto, saber que um sofrimento mais direto não nos alcançará enquanto estivermos sintonizados com a Providência Divina é acalentador.

Assim, finalizo essa reflexão pedindo aos amigos leitores que prossigam na busca de iluminação interior, evitando a frequência em lugares de baixo teor vibratório, de pensamentos infelizes ou uso indevido de substâncias entorpecentes.

Somente assim alcançaremos o suporte espiritual necessário para nosso progresso íntimo e felicidade espiritual.

quinta-feira, 23 de junho de 2011

Pátria do Evangelho

Sou brasileiro.

Sim, sou brasileiro com um orgulho grandioso de ver essa terra tão vasta e bela, mãe de tantas culturas e de tanta diversidade, adornada com suntuosos vales, belíssimas cachoeiras e tantas outras belezas naturais.
Pátria do Evangelho! É como carinhosamente a chamam alguns, inspirados pelo divino Amor, o qual escolheu esta terra bendita para preparar o terreno da purificação que antecede a Regeneração.

À primeira vista, nos parece que a realidade espiritual de nosso País não coaduna com o supracitado título de elevação moral, vez que essa mesma nação está fatalmente ferida em algumas regiões pela maldade e crime crescentes, pela ausência da Lei humana e de sua devida aplicação, pela dominação do tráfico de entorpecentes e a constante violência social, dentre outras atrocidades cometidas pela iniquidade humana.

No entanto, apesar disto tudo, não devemos olvidar o importante papel dos brasileiros enquanto seres humanos, já que o Espiritismo teve continuidade em nossas paragens, transportando-se da França e criando aqui vasto campo de atuação das Esferas Superiores.

Considero a nação brasileira como a que possui mais fé quando comparada às demais nações de nosso Orbe. A importância que damos às instituições religiosas não se vê igual em nenhuma outra parte do planeta. Logicamente, excetuamos aqui o radicalismo presente em alguns países orientais, mas que, a meu ver, não se configura como adoção de uma fé inquebrantável, mas sim como uma sobreposição de opiniões que não aceitam pensamentos diversos.

No Brasil, como sabemos, a realidade é outra. Aqui reina a diversidade religiosa e, consequentemente, o respeito à liberdade religiosa, vez que podemos optar por qualquer religião e conduta moral sem que o Estado ou algum particular possa interferir nessa decisão. Essas características trazem um envolvimento espiritual maior nos planos superiores de nossa Nação.

E, apesar das grandes dificuldades e misérias sociais que constatamos diariamente, seja numa criança que implora por moedas num semáforo, seja nos indivíduos que buscam material reciclado nos lixões e aterros sanitários, seja na quantidade imensa de mendigos e menores abandonados, dentre tantas outras  desigualdades gritantes, impossíveis de serem elencadas aqui, podemos divisar uma luz no fim deste túnel.

As atitudes de alguns líderes políticos e a crescente preocupação social com o próximo faz com que renovemos nossas concepções de vida em sociedade, colaborando para a implementação de novo sistema socio-econômico, preocupado não somente com as grandes empresas, dominadoras do mercado, mas também dando suporte à pequenas empresas e aos trabalhadores agrários.

Confiemos no Mestre Jesus, pois Ele nos reserva um futuro promissor, iluminado pelo raiar de um novo dia na Terra, marcado por grandes alterações físicas, mas principalmente, por grandes modificações morais no íntimo de cada indivíduo.

sábado, 18 de junho de 2011

Apesar de...

Bruno, palestrante espírita, ou seja, homem dedicado em divulgar o Espiritismo através de congressos, palestras e seminários, abordando diversos temas e enfatizando os ideais cristãos para solução dos problemas tratados em suas explanações, tornou-se célebre no meio espírita como excelente expositor das máximas espíritas-cristãs.

Como de costume, Bruno foi convidado a realizar uma dessas palestras numa cidade próxima de onde reside, localizada no interior da Bahia. De bom grado, aceitou, preparando-se previamente para o evento. Ao dirigir-se à referida cidade, hospedou-se em casa de um grande amigo, Jairo, o qual também era conhecido por tratar dos mais diversos temas concernentes ao Espiritismo.

Assim, às 20:00hs de uma terça chuvosa, Bruno postava-se defronte ao portão da residência do antigo amigo, apertando a campainha levemente para não incomodar a ninguém. Após alguns instantes, abre-lhe a porta Jairo, o qual reconheceu imediatamente o amigo e o abraçou, sinceramente feliz pela visita.

Após adentrar e informar como havia se passado a viagem, Bruno banhou-se e sentou-se ao sofá para conversar com seu amigo sobre as ocorrências da Vida, tão singelas e únicas para cada um deles. Foi então que nesse momento, Bruno percebeu que Jairo encontrava-se pensativo, com o olhar fixo ao teto, enquanto relaxava o corpo numa poltrona.

- Pensando em quê, amigo? - questionou Bruno.
- Oh! Desculpe-me, caro amigo, pela indelicadeza de deixar-te falando sozinho enquanto divago o pensamento em coisas banais... - desculpou-se, em resposta, Jairo.
- Jamais! Não se prive de compartilhar com seu amigo o que lhe preocupa! Vamos, diga! O que lhe aflige?
- Na verdade, irmão, nada me aflige. Estou apenas a refletir sobre uma ocorrência que me surpreende por esses dias.
- O que houve? - perguntou Bruno, movendo-se ligeiramente para frente, de forma a ficar mais próximo ao amigo.
- Veja só. Todos os dias, ao me dirigir à padaria situada a algumas quadras daqui, acabo passando por uma banca de jornais, onde sempre compro a edição diária do jornal da cidade. O jornaleiro, o sr. Edilson, sempre foi afável e atencioso comigo, tratando-me como um cliente antigo. - até esse ponto, Jairo sorria - Ocorre que, de tempos para cá, o Sr. Edilson começou a me tratar com uma rispidez tremenda, chegando a jogar o jornal em minhas mãos, com total desconsideração. - terminou Jairo com a face já sem o sorriso costumeiro, mas sem afetação, apenas mantendo um semblante sério e preocupado.
- Ora! Que desleixo! Como pode um comerciante tratar dessa forma um cliente já antigo? - protestou Bruno, indignado com a situação vexatória a que estava passando o amigo. - Pois amanhã lhe acompanharei para constatar esse fato!
- Sim, iremos. Já estava com a intenção de convidar-lhe. Preciso de outra opinião sobre essa problemática. - finalizou Jairo - Mas não vamos nos ater a esse tema. Deixemos para amanhã! Mudemos de assunto. (...)

E assim se passaram algumas horas, onde ambos trocaram experiências e opiniões sobre outros assuntos.

No dia posterior, no horário aprazado, seguiram Jairo e Bruno para a padaria, passando primeiro na banca de Jornais do Sr. Edilson. Sob a orientação da noite anterior, Bruno resolveu manter-se um pouco afastado para assistir à cena com todos os seus detalhes. Jairo, como de costume, se dirigiu normalmente ao jornaleiro.
- 'Dia, Sr. Edilson! - disse Jairo, direcionando a mão direita para cumprimentar o comerciante.
A resposta, porém, veio seca e de malgrado por parte do Sr. Edilson, que nem ao menos levantara a cabeça para receber o antigo cliente, limitando-se a continuar analisando as páginas de uma revista à sua frente.
- A edição do dia, por favor. - requereu Jairo, serenamente, fingindo não haver notado a indelicadeza do ouvinte e depositando o valor do jornal na bancada aonde o jornaleiro estava sentado.
Bufando como um touro e com o aspecto mal-humorado, Sr. Edilson levantou-se de má vontade, agarrou uma edição do jornal local recebida aquela manhã e jogou-a às mãos de Jairo, fazendo-o praticamente abaixar até o chão para alcançar o objeto lançado.

Bruno quase não podia acreditar na cena, de tão infeliz que era. Indignado, balançava a cabeça, olhando aquele indivíduo tão amargurado.
Seguiram ambos o caminho programado sem comentar por alguns minutos o ocorrido. A certa altura, no entanto, Bruno não se conteve e exclamou:

- O amigo realmente disse a inteira verdade quando tratou da ocorrência. O jornaleiro efetivamente age com total indelicadeza para com você, amigo!
- Você constatou o mesmo, não foi, Bruno? Pois então. Esse é o meu dilema atual. A causa dessa amargura!
- Mas, amigo, porque continuas a comprar as edições diárias junto a este comerciante, se o mesmo lhe trata com tanto desprezo? Tu ainda continuas a lhe dar dinheiro?
- Ora, Bruno, veja bem. Não irei alterar a minha rotina por conta de uma atitude infeliz de outrem. É mais vantajoso para mim comprar nessa banca pois é a mais próxima de minha casa e corta o caminho para a padaria. Não irei buscar outros meios para adquirir a edição diárias apenas porque um indivíduo encontra-se em conflito interior. O desequilíbrio alheio jamais deve interferir em nosso estado de coisas.

A sabedoria daquelas palavras não ensejaram a Bruno mais questionamentos e o assunto não rendeu quaisquer comentários posteriores. A conduta do amigo serviu de lição eterna para Bruno, o qual compreendeu a importância de mantermos nosso estado íntimo equilibrado, ainda que o Mundo exterior apresente-se totalmente desequilibrado e infeliz.

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A história retratada nas linhas anteriores é verídica e é contada por um expositor espírita muito respeitado: Flávio Santos. A sua experiência nos serve de lição elevada acerca da manutenção do estado íntimo elevado, consciente e equilibrado.

Ainda que os seres que nos rodeiam apresentem problemas e disfunções comportamentais que nos ofendam, devemos buscar o esquecimento dessas atitudes e a busca da renovação íntima. Jamais devemos alterar nossas condutas ou escolhas elevadas por conta do desequilíbrio alheio. Se assim o fosse, Jesus não se manteria firme nos seus ideais, quando toda uma sociedade objetivava fazê-lo pensar diferente.

Mantenhamos, dessa forma, o pensamento em Cristo, sabendo que as nossas condutas e escolhas no Bem irão sempre trazer desconfiança e estimular a maledicência alheia, os quais nunca estarão satisfeitos enquanto não nos transmitirem os seus desequilíbrios. O importante, porém, é mantermos essa sintonia elevada, apesar de tudo e de todos, pois daremos conta ao Pai Eterno das escolhas que tomamos na Terra e especialmente do que fizemos para o próximo.

segunda-feira, 6 de junho de 2011

Buscar Deus.

Como podem alguns seres acreditarem que são auto-suficientes e não necessitam dos outros, ou pior, não necessitam de Deus para obterem a paz íntima e a consciência tranquila?

Quantos milênios se passaram? o quanto já evoluiu a ciência humana? E ainda assim não se sabe dizer ao certo como tudo que existe foi criado, como os planetas orbitam no Universo em perfeita sincronia, como os animais crescem e desenvolvem-se sem necessidade de qualquer intervenção racional dos homens e tantos outros fenômenos caracterísiticos da Perfeição Divina e que nós, humanos, não sabemos especificar e explicar minuciosamente.

O Universo está em constante expansão. Planetas, estrelas, constelações compõe esse cenário infinito e diverso. A insensatez humana ainda consegue sustentar a convicção de que habitamos, solitários, essa Imensidão? O Planeta Azul, em sua pequenez quando comparado a outros planetas não tão distantes, seria o único local habitado por seres 'inteligentes'?

Ora, sustentar tal tese se configura total irracionalidade! Somos apenas alguns de uma gama infinita de seres, habitantes de diversos outros orbes espalhados pelo Universo.

E ainda assim, desejam alguns acreditar que podem sobreviver e se relacionar sem a presença e cooperação de um Ser Maior. Ironizam, maldizem aqueloutros dedicados a uma Vida inspirada na Vontade Divina, através da religião.

Pobres homens. Ainda não despertaram para uma Verdade que faz parte de nossa Vida desde a criação, inspirada por uma Força Maior ainda inexplicável em diversos aspectos, mas que nos será revelada a medida que evoluímos e buscamos honrá-Lo a cada dia. E uma das expressões de reconhecimento dessa força incomum é a religião.

A religião nos serve de indicação para agradecermos e buscarmos um contato mais direto com essa Força Incomparável denominada Deus. O Criador ainda não pode ser compreendido por nós em Sua totalidade, no entanto, o pouco que sentimos já nos preenche a alma com a certeza de Amor infinito e sincero.

Aqueles que se acreditam completos sem a presença de Deus, em verdade, experimentarão vazio insuportável na Vida após a Vida. O preenchimento trazido pelas facilidades temporárias somente dão a ilusão de uma satisfação íntima, que é temporária.

Conforme leciona Joanna de Ângelis, é como se alguém tentasse saciar a sede bebendo água do Mar.

Oh! Homens incrédulos, despertai! O momento é chegado e todos nós necessitamos demonstrar ao Pai Eterno uma nova concepção de vida. Não mais a entrega total ao jogo perigoso das paixões humanas. Não mais a manifestação infeliz do ódio crescente contra um irmão de caminhada. Não mais a dominação por meio da força e da ganância sem fim.

A maturidade moral não é mais demonstrada com a dominação racial, territorial e religiosa. O homem moralmente maduro é aquele que busca sempre a Paz Social, a harmonização dos setores da sociedade e a prática do Bem a todos, sem fazer nenhuma exceção.

Ainda que seja difícil a busca por filosofias transcedentais, busquem-nas! Ainda que o egoísmo e o orgulho comandem-te a razão, evita a fuga desmedida para o sarcasmo e a ironia!

Todos já se encontram cansados da dor causada pela iniquidade humana. É tempo de renovação! Guerras, disputas territoriais, busca incessante de riquezas naturais devem permanecer num passado distante de nossa História.

Que as gerações futuras possam levantar as bandeiras de Solidariedade, Igualdade e Fraternidade reais, confeccionadas por nós.

Busquemos agora o Mestre Amado, para que qualquer vicissitude encontrada no caminho da vida seja encarada de maneira a nos fortalecer o ânimo e colaborar para nossa Evolução, nos levando, enfim, para o amadurecimento maior de nosso Ser Imortal.

quinta-feira, 19 de maio de 2011

Danosas Influências

A convivência com a iniqüidade humana me fez refletir ultimamente.

Percebi, através de uma análise minuciosa de meu íntimo, que acabo influenciando-me negativamente quando exposto a um contato excessivo junto a certos irmãos equivocados.

Seja no ambiente de estudo ou de trabalho, sempre me deparo com opiniões e condutas completamente destoantes daquilo que almejo seguir, através da busca diária da oração e dos ensinos cristãos.

Comentários maledicentes, pensamentos infelizes, contendas, ironias. É nesse ambiente que me deparo diariamente quando me dirijo aos encontros sociais necessários à formação e ao exercício profissional.

Não que me considere perfeito e ausente de sentimentos dessa natureza, porém, com o estudo da Doutrina Espírita, busquei alterar o estado mental e minha paisagem espiritual. Assim, quando em contato com irmãos que ainda buscam sentimentos inferiores no trato com o próximo, acabo contaminando-me e, ás vezes, cedendo à comentários também perniciosos.

Muitas das vezes, para não ser considerado o “chato” do grupo, calo-me diante de comentários que me arrepiam os pêlos de tão infelizes que são. Porém, essa não deve ser a postura daquele que busca a conduta retilínea do Cristianismo.

Alertar os colegas da necessidade de mudança, alterar a conversa para comentários mais saudáveis e tratar o próximo com a caridade necessária deve ser a postura de todo aquele que efetivamente busca evoluir, vencendo suas más tendências.

Coadunar com atos característicos dos materialistas é estacionar no caminho evolutivo, provocando dívidas desnecessárias e atrasando nosso avanço para a angelitude.

Silenciar diante da ofensa, olvidar o comentário infeliz arremessado contra nossa honra, permanecer sintonizado com nosso Guardião, ainda que a cólera pareça nos dominar. Tais exercícios devem ser diários e constantes, evitando, dessa forma, a contaminação que o mergulho nas idéias infelizes pode provocar.

O nosso mestre Jesus Cristo mergulhou na psicosfera de um planeta entregue à iniqüidades mil, à maldade sempre constante, à desvalorização pela vida humana, e, ainda assim, jamais contaminou-se com tais males.

Da mesma forma ocorre com um diamante precioso e brilhante jogado numa poça de lama. Quando tal pedra é retirada do lamaçal, continua intacto e reluzente.

O Cristão verdadeiro assim deve permanecer, para que suas condutas não sejam influenciadas pelas vibrações perniciosas e inconseqüentes emitidas pelos irmãos de caminhada ainda em atraso espiritual.

Um alerta maior é feito para aquele que adotou o Espiritismo como filosofia de vida, seja como religião ou como ciência. Caso assim tenha optado, não deve continuar com a mesma conduta equivocada do passado. Como nos leciona Kardec, reconhece-se o verdadeiro Espírita pelo esforço que faz para domar suas más tendências.

Dessa forma, devemos realizar esforço constante para vencer aquilo que ainda nos provoca o atraso espiritual, fazendo-nos infelizes e praticantes de condutas destrutivas para com aqueles que nos rodeiam.

Abandonar comportamentos inferiores, que já se encontram enraizados desde priscas eras em nosso espírito é medida urgente e imprescindível para alcançarmos a paz de consciência.

Somente com o exercício diário de caridade para com o próximo e da alteração sublime do nosso campo mental é que conseguiremos adquirir a serenidade necessária para darmos passos na Evolução em direção ao Porto Seguro de nossa Alma, junto d’Aquele que deu a Vida para exemplificar o Amor Divino, Incomensurável e Eterno.

terça-feira, 17 de maio de 2011

Derrota aparente

Quando visitado pelos dissabores da Vida, não te entregues à amargura.

O que o Mundo considera derrota, muitas vezes é motivo de alegria nos Céus.

Situações que nos parecem infortúnios, em verdade, caracterizam-se por expiação salvadora, que nos impele ao Bem, auxiliando-nos a fugir de nossas tendências infelizes.

Em muitos casos, somente com o aparente sofrimento é que resolvemos dar novo direcionamento à nossas vidas.

Em diversas outras ocasiões, diante da dificuldade é que conseguimos vencer nossos hábitos irracionais conservados por séculos de animosidade contra nossos irmãos.

É aí então que a aparente derrota na Terra causa regozijo e alegria no plano espiritual, através de nossos irmãos desencarnados que já se entregam à Caridade verdadeira, pois estes têm ciência da importância dos obstáculos diários para que alcancemos a sabedoria espiritual.

Além disso, Jesus não confia um fardo a quem quer que seja, sem antes verificar se tal indivíduo tem a capacidade necessária para suportar o peso da dificuldade.

Assim, se fostes visitado pela dor, agradeça aos Céus pela oportunidade de prosseguir fortificando sua fé e desenvolvendo virtudes que ainda não possuis.

Situação de sofrimento é oportunidade luminosa para o exercício da paciência e da resignação.

Somente a alma que tem total confiança em nosso Criador consegue enfrentar as dificuldades sem reclamações, contendas ou reações inferiores de revolta e mágoa contra os Desígnios divinos.

Ainda que todos os que te rodeiam acusam-te de fraco e te olhem como um derrotado, tenha ciência de que os Céus te direcionam o olhar com admiração e respeito, pois conseguistes vencer a dificuldade sem manchar a própria honra ou dignidade, sem buscar alternativas mais fáceis, porém, corruptas, sem escolher o espaço largo que a porta das facilidades humanas oferece, mas sim optar pelo espaço estreito da porta que leva aos Céus, vivificando na paz de consciência o dever cristãmente cumprido.

E, ao abandonares o fardo doloroso do corpo físico, marcado por lágrimas e ranger de dentes, alçando vôo em direção ao Mais Alto, coroado pelo serviço da caridade para com nossos irmãos mais necessitados, compreenderá que, enquanto muitos choram pela perda da convivência contigo, muitos outros sorrirão e se regozijarão com a sua chegada, louvando aos Céus por teres escolhido a derrota aparente na Terra, mas a Vitória Eterna junto de nosso Senhor Jesus Cristo.