terça-feira, 27 de setembro de 2011

Ele nos aguarda

No cotidiano humano, especificamente no meio religioso, é comum encontrar aqueles que se distanciam de Deus.

Uns temporariamente, outros em definitivo.

Seja por razões pecuniárias, seja pela desilusão amorosa, situações há em que as pessoas, antes com uma fé aparentemente inquebrantável, tornam-se frágeis diante das dificuldades ou revoltadas diante da incompreensão alheia.

Inúmeros são os motivos que podem afastar-nos do contato divino. Entretanto, jamais devemos preferir a revolta, o desencanto pelas leis morais, a irritabilidade diante de um constrangimento ou qualquer outra conduta menos feliz, a qual somente atrasará nossa marcha evolutiva.

O trabalho nos toma muito tempo, impedindo-nos de termos maior disponibilidade para o assuntos d'alma? Transformemos, então, estes raros momentos, em profunda meditação e disciplina. Analisemos, ainda, se realmente as ocupações diárias são realmente improrrogáveis ou se não passam de momentos naturalmente dispensáveis diante da necessidade maior de reforma interior.

Se a nossa consciência evita a oração, o momento de repouso íntimo e a busca da meditação com Deus, é sinal de que nossos pensamentos, atitudes ou intenções estão dessintonizados para com a Vontade Divina.

É natural sentirmos vergonha de nós próprios quando analisamos nossos atos e percebemos o quanto de inferioridade ainda carregamos. Devemos recordar, porém, que Deus é nosso Pai Maior, e jamais se ofende com nossos atos, pois Ele compreende a nossa situação moral e faz todo o possível para nos reabilitarmos à Sua Lei.

Sendo assim, cultivemos o hábito de orar, conversar com Deus, com nossos Espíritos mentores, com nosso irmão maior, Jesus. Essa conduta nos trará o conforto necessário para lidarmos com as perdas, com as situações desagradáveis e com o sofrimento. E, acima de tudo, servirá para manter-nos sintonizados com a Divindade, favorecendo-nos nas decisões a serem tomadas em nossa existência.

segunda-feira, 5 de setembro de 2011

Espiritismo – Dúvidas comuns

A crença espírita, adotada por milhares de seres (encarnados e desencarnados) é amplamente conhecida pela sociedade a qual faz parte, porém, muitos desconhecem as benesses que os ensinamentos espíritas trazem para as almas humanas.

Medo, dúvida, apreensão, preconceito. Esses são apenas alguns exemplos dos sentimentos que envolvem grande parte da população em relação à causa espírita. Quantos confundem o Centro Espírita com centros de Umbanda? E no que concerne à doutrina espírita em si? Existem aqueles que a denominam “kardecista”, sendo que tal termo não coaduna com os postulados espíritas, vez que nós, espíritas, não seguimos a Kardec, no sentido lato da palavra. Seguimos, sim, à Jesus, e, por esse motivo, o Espiritismo é uma religião (ou ciência) cristã.

Digo religião ou ciência pois tal doutrina não pode ser entendida somente pela análise de um desses aspectos. Pela visão do que se entende por religião, o Espiritismo corresponde a todos os requisitos desta, uma vez que seus seguidores são instruídos a melhorarem suas atitudes, evoluírem seus pensamentos e buscar uma conduta diária pautada nos ensinos do Mestre Jesus. Assim, não há dúvida acerca da possibilidade de enquadrar tal doutrina como religião.

Ainda assim, existe outra classificação passível de análise: Considerar o Espiritismo como uma ciência. Ora, tal afirmativa parece absurda para muitos estudiosos e principalmente para os leigos. Assim consideram pois não enxergam o aprofundado estudo que se teve na origem dessa iluminada doutrina. E, inclusive, é daí que provém o erro de considerar Kardec como “inventor” do Espiritismo.

Com uma análise rápida na história do Espiritismo, podemos verificar que Allan Kardec buscou estudar os fenômenos espíritas, os quais desde os primórdios, sempre fizeram parte da realidade humana. Com esses estudos, Kardec pôde constatar a veracidade dos fatos ali analisados, a qual foi alcançada com as diversas experiências efetuadas pelo mesmo, buscando desmascarar toda e qualquer farsa, todo e qualquer fingimento ou fraude.

Quando Kardec verificou que não havia fraude alguma e que efetivamente existia a possibilidade dos espíritos que antes habitaram a Terra voltarem para se comunicar conosco, temporariamente encarnados, o aludido professor procedeu com a compilação dessas experiências, nas quais os espíritos superiores nos trouxeram o direcionamento correto a ser seguido em nossas vivências terrenas, formando, assim, o que hoje entendemos por doutrina espírita.

Assim, Kardec redigiu o Pentateuco, que leva este nome em razão do número de livros lançados por ele para informar o Mundo da Realidade Espiritual. Dessa forma, muitos confundem a função de Kardec. Alguns o consideram criador da doutrina. Outros entendem que os espíritas o seguem os passos, servindo-o de modelo para nossas condutas. Porém, como já tratado anteriormente, ambas as visões estão equivocadas.

Os livros redigidos por Kardec são muitíssimo importantes pois este foi o primeiro e único a compilar as experiências vividas junto ao Mundo Espiritual e sua conseqüente comunicabilidade com o mundo físico de forma organizada e cronológica, favorecendo para demonstrar a seriedade do tema e o quanto ele influencia em nossas vidas. Dessa forma, consideramos Allan Kardec como um ícone incomparável da doutrina espírita. No entanto, ainda assim não o temos como “modelo e guia da Humanidade”.

Mesmo porque todo o conteúdo do Pentateuco é baseado nos ensinamentos trazidos há mais de dois mil anos, por Jesus Cristo. Por isso que uma análise superficial da doutrina não permite ao aventureiro compreender toda a amplitude do assunto. Mas o fato é que temos por Jesus o grande Modelo a ser seguido e, desde o Seu retorno às Paragens Celestiais, o Planeta ainda não demonstrou total fidelidade aos postulados aqui deixados.

Sou suspeito para falar, tendo em vista que sou Espírita (ou ao menos tento ser), porém, afirmo com total certeza que essa doutrina libertadora auxilia a quem lhe procure a alcançar a paz espiritual e a evolução necessária para atingir a perfeição.

Basta agora procurar uma Casa Espírita séria (sou obrigado a usar esse termo em virtude da quantidade de centros espíritas que estariam mais enquadrados no termo “equivocados”) e se dedicar ao trabalho em prol do próximo, favorecendo, em contrapartida ao seu próprio espírito na romagem terrena, caracterizada por dificuldades e dores complicadas de serem compreendidas sem a devida análise da realidade espiritual que os rodeiam.

domingo, 4 de setembro de 2011

O Recomeço

A manhã se iniciara mais uma vez gélida na cidade de Weimar, situada ao leste da Alemanha.

Aos seus moradores, porém, o frio insuportável não chegava a incomodar, pois o calor das lareiras e o aconchego de seus pesados cobertores afastavam qualquer arrepio provocado pela baixa temperatura.

A situação, no entanto, era totalmente diferente poucos quilometros dali, na colina de Ettersberg, onde estava erguido o Buchenwald, um campo de concentração em intensa atividade.

Anos antes do ultimato dado por Hitler, objetivando "higienizar" a Europa das raças consideradas impuras, aquela era uma pacífica comunidade, onde reinava a simplicidade e a tranquilidade entre seus moradores. Com o advento da segunda grande guerra, no entanto, o quadro modificou-se sobremaneira, pois para ali foram direcionadas algumas milhares de vítimas da inconsequência germânica, tornando-se doloroso lar temporário de judeus, poloneses, prisioneiros de guerra russos e testemunhas de Jeová.

Uma vez dentro da grande edificação, impossível era escapar da sanha feroz dos soldados alemães, conhecidos por se utilizarem de práticas violentas e criminosas para com as vítimas do Holocausto.

À esquerda do grande portão de ferro que guardava a entrada principal do campo, foram erguidas as câmaras de gás, as quais possuíam a falsa aparência de banheiros públicos, para que quando os judeus e demais vítimas fossem direcionados para o suposto "banho", fossem surpreendidos com a emissão intensa de um gás letal, suficientemente poderoso para aniquilar centenas de vidas em alguns minutos.

À direita, situava-se extensa galeria de fornalhas gigantes e grande quantidade de bigornas e metais pesados, os quais eram transportados pelos prisioneiros jovens e adultos até que esfalececem já sem vida ao chão, esgotados pelos intensos sacrifícios.

É nesse local que encontraremos Houssef, comandante de primeira classe do 3o Heich, grupo de elite  formado por Hitler especialmente para o comando dos campos de concentração. Esse homem era o mais temido naquele terrível lugar devido às atrocidades que cometia e pela frieza de sentimentos.

- Mais rápido! Mais rápido, eu disse! - bravejava Houssef à fila de prisioneiros, que carregavam pesadíssimas bigornas.

Aqueles homens obedeciam silenciosamente, para evitar as agressões costumeiras do terrível alemão que os vigiavam.

Esquálidos, sem forças para prosseguir, alguns deles caíam ao chão, esgotados pelo trabalho intenso, pelo que eram quase que imediatamente chicoteados e espancados até que se levantassem novamente.

A fome, o frio, a humilhação provocada pela ironia alemã os impactava o ser, que não podiam responder às agressões, uma vez que encontravam-se totalmente subjugados àquele poderio militar.

E assim, desencanavam aos milhares, seja pela ação da fome, das doenças que proliferavam naquele local imundo ou pela violência fatal praticada pelos responsáveis da dominação germânica. Pelas mãos de Houssef centenas padeceram incontáveis sofrimentos, além de abandonarem o corpo físico em razão de ações violentas do mesmo, angariando para si próprio extensa lista de débitos para com a Lei Divina, a qual age no momento adequado, buscando renovar o ser e fazê-lo voltar-se para a realidade eterna da sobrevivência do espírito.

Nessa condição terrível, observaremos Houssef desencarnar, após doloroso transpasse em enfermaria localizada na cidadela. Abatimento inexplicável havia tomado-lhe o ser inesperadamente. Seus poucos familiares nada puderam fazer, pois, quando descobriram a enfermidade, o processo degenerativo já se encontrava em estágio avançado, deixando a "vítima" totalmente subjugada pela doença.

A mazela que atingiu seu sistema gástrico esgotou as poucas reservas fluídicas mantenedoras da vida em nosso personagem. A conduta totalmente entregue à maldade sem medida provocara-lhe a rápida ação da enfermidade, que consumiu-lhe as forças em poucas semanas.

Impossível descrever a situação de Houssef quando deparou-se com a realidade espiritual. Os espíritos que, quando encarnados, foram suas vítimas, tornaram-se agora seus algozes, revidando através da força tudo aquilo que sofreram nas mãos do antigo comandante, o qual não mais possuía o status dominador de outrora.

Desatenciosos para com a supremacia da Lei Divina, que permite os sofrimentos e catástrofes diárias, obedecendo às consequências do livre arbítrio e da infelicidade que nós próprios plantamos na colheita da Vida, prosseguiam os espíritos arrefecidos no ódio e na busca de vingança desmedida, acabando por reafirmarem os laços expiatórios entre a vítima e seus perseguidores.


Anos se passaram desde os acontecimentos narrados acima. Na busca por informações por Houssef, somos direcionados ao Chifre da África, no nordeste do continente, especificamente na Somália.



Agora, após intensos sofrimentos em regiões trevosas da espiritualidade inferior, encontraremos o antigo comandante ariano reencarnado em tribo africana abandonada pelo governo local, auxiliada somente por organizações não governamentais dedicadas à minimização das dores mundiais.


Deitado num tapete de palha, seminu, num corpo mirrado, completamente necessitado de nutrientes e demais substâncias imprescindíveis para o devido desenvolvimento do corpo humano, está encarcerado o espírito de Houssef, agora denominado Obadele, que significa "o rei chega a casa".

Presenciamos aí a perfeita aplicação da lei de causa e efeito, onde os indivíduos se deparam com as mesmas dificuldades proporcionadas aos semelhantes em existências pretéritas.

Antes, Houssef proporcionava dor e sofrimento aos seus subjugados, e agora, após verificar com sua própria consciência os atos praticados, aplica inconscientemente (através da lei de Deus em nosso subconsciente) na formação do novo invólucro carnal a culpa que carrega.

Logicamente, a misericórdia Divina não pretende alimentar um círculo vicioso onde sempre há um agressor e um ofendido, porém, os seres que se dedicam ao mal não pretendem abandonar suas concepções egoísticas e prosseguem na subjugação dos semelhantes.

Dessa forma, deformam seus perispíritos, os quais transmitem aos genes do novo corpo que receberão em encarnação posterior, as medidas necessárias para se reconciliarem com a Lei Divina.

Não podemos olvidar que, apesar de nossos irmãos sofredores estarem colhendo a infelicidade antes semeada, cada um de nós tem o dever cristão de auxiliar a quem quer que seja, sem analisar o mérito de cada um, tendo em vista que todos somos devedores e a ninguém podemos julgar, considerando-nos superior a quem quer que seja.

Nossos irmãos africanos, e tantos outros necessitados de auxílio fraterno, merecem toda nossa atenção e comiseração, pois, apesar de se encontrarem em terrível expiação, muitos deles já encontraram a paz íntima necessária para prosseguirem evoluindo, enquanto que muitos de nós, alimentados, vestidos e cercados de conforto, encontramo-nos com o coração dominado pela inveja, egoísmo e maldade.

Haverá um dia em que medidas desse teor não serão mais necessárias, pois os indivíduos não mais provocarão dores aos seus semelhantes, perturbando-lhes a mente e trazendo danos de difícil reparação aos seus perispíritos, os quais somente são sanados através de reencarnações dolorosas, exercitando dessa forma a boa convivência e o aprendizado de amor ao próximo.