segunda-feira, 26 de março de 2012

Oração do Jovem



"Senhor: Sinto-me aturdido no báratro da vida moderna.

Este foi um dia de agitação.

Pensando no estômago e nas exigências do corpo, esqueci-me de alçar-me a Ti.

Dominado pelas paixões desperdicei o tempo na futilidade.

Entre torturas e ansiedades, saí à cata de sensações fortes.

Agora detenho-me cansado...

Corri de um para outro lado, estive azorragado pelos impositivos da vida atribulada, e, neste
momento, deparo-me com as mãos vazias de feitos nobilitantes e o coração sem paz...

Por que me permito afligir com as questões da vida transitória, quando já me encontro cientificado da realidade verdadeira?

Ainda ontem, fazendo um exame de consciência, prometi-me retificação, corrigenda interior.

Todavia, novos malogros  me assaltam no dia de hoje.

Padeço receios que me atestam a falência íntima dos poucos valores morais que possuo.

A verdade, porém, é que Te amo.

Sem embargo, surpreendo-me a cada momento distante de Ti.

Ajuda-me a não Te abandonar, porquanto sou eu quem necessita da Tua Presença vigorosa.

A juventude, qual licor embriagante, corre pelas minhas veias e esfogueia-me...

As ambições me convocam à corrida desenfreada, na busca, afinal, de coisa nenhuma.

Ouço os convites ardentes do mundo, atraentes, sedutores, e inquieto-me, porquanto, simultaneamente, Tua voz me penetra e me arrebata.

Senhor: Ajuda-me na barca frágil da minha juventude ansiosa em que naufrago e salva-me!

Aquieto-me,confiante, registro Tua voz a dizer-me, gentil:

- Bom ânimo. Aqui estou!

Conduze-me contigo ao porto da paz, Amigo Divino".

Marcelo Ribeiro
(Mensagem psicografada pelo médium Divaldo Pereira Franco, extraída do livro “Terapêutica de Emergência”)

GLOSSÁRIO
Báratro – Abismo, precipício.
Azorragar – açoitar, fustigar, chicotear.
Nobilitantes – Nobres
Malogro – insucesso, fracasso.
Esfoguear – Perder a calma, apressar- se.

sábado, 24 de março de 2012

Instalação da era nova


"É esse Jesus, modelo e guia, que o Espiritismo nos traz de volta.

Alegrai-vos, vós que chorais. Tende confiança. Mantende o ânimo para seguir sem desalento, voltados para o bem inefável e para o amor incondicional.

Jesus, meus filhos, é o nosso caminho, levando-nos à verdade e à vida.

Estais informados de como proceder.

...E ante as penosas injunções, não busqueis orientações nem diretrizes outras, porque já tendes o amor e o perdão.

Perdoai, sempre e incessantemente, amando os crucificadores para que todos saibam que sois discípulos do Mestre vitorioso da cruz.

Inaugura-se a era nova. A revelação espírita abre o ciclo das realizações grandiosas para o porvir.

Fostes honrados com o convite do Mestre Jesus, para vos constituirdes em alicerce dessa era nova.

Entregai-vos à Sua condução e nunca vos deixeis recuar, estacionar, ceder o passo na estrada do bem.

Esta é a hora de semear luz.

Ide, pois, como aqueles setenta da Galiléia, preparar os caminhos, porque o Senhor está chegando à Terra para proclamar a glória do Espírito imortal.

Ide, por toda, parte, e falai a respeito de Allan Kardec, a quem homenageamos neste dia do encerramento do 2º Congresso Brasileiro de Espiritismo.

Convidado pelos Espíritos-espíritas do Brasil para que presidisse este evento, o nobre Codificador, aqui presente com as falanges do Espírito de Verdade, está conosco e nos acompanhará neste novo ciclo que se abre até o momento quando o mundo de regeneração se encontre instaurado e instalado na Terra.

Que Jesus nos abençoe, filhos da alma, e que a paz, que deflui da consciência tranqüila, permaneça em vossos corações.

Recebei o carinho dos companheiros que vos precederam no retorno ao Grande Lar através do servidor humílimo e paternal de sempre, Bezerra".



Mensagem psicofônica recebida pelo médium Divaldo Pereira Franco, ao final de sua conferência, no encerramento do 2º Congresso Espírita Brasileiro, no dia 15 de abril de 2007, em Brasília, DF.

terça-feira, 20 de março de 2012

Dever Espírita

Gostaria muito de compartilhar com os poucos leitores do blog um capítulo do livro "Os Mensageiros", de André Luiz, pela psicografia de Chico Xavier. Trata-se de um ensinamento sublime acerca da conduta dos espíritas dentro dos Centros Espíritas, mas principalmente fora deles.

Deixarei que cada leitor tenha sua própria interpretação do caso transcrito a seguir:

Capítulo 12 - A Palavra de Monteiro

     - Os ensinamentos aqui são variados.
     Fora o amigo de Belarmino quem tomara a palavra. Mostrando agradável maneira de dizer, continuou:
     - Há três anos sucessivos, venho diariamente ao Centro de Mensageiros e as lições são sempre novas. Tenho a impressão de que as bênçãos do Espiritismo chegaram prematuramente ao caminho dos homens. Se minha confiança no Pai fosse menos segura, admitiria essa conclusão.
     Belarmino, que observava atento os gestos do amigo, interveio, explicando:
     - O nosso Monteiro tem grande experiência do assunto.
     - Sim - confirmou ele -, experiência não me falta. Também andei às tontas nas semeaduras terrestres. Como sabem, é muito difícil escapar à influência do meio, quando em luta na carne. São tantas e tamanhas as exigências dos sentidos, em relação com o mundo externo, que não escapei, igualmente, a doloroso desastre.
     - Mas, como? - indaguei interessado em consolidar conhecimentos.
     - É que a multiplicidade de fenômenos e as singularidades mediúnicas reservam surpresas de vulto a qualquer doutrinador que possua mais raciocínios na cabeça que sentimentos no coração. Em todos os tempos, o vício intelectual pode desviar qualquer trabalhador mais entusiasta que sincero, e foi o que me aconteceu.
     Depois de ligeira pausa, prosseguiu:
     - Não preciso esclarecer que também parti de "Nosso Lar", noutro tempo, em missão de Entendimento Espiritual. Não ia para estimular fenômenos, mas para colaborar na iluminação de companheiros encarnados e desencarnados. O serviço era imenso. Nosso amigo Ferreira pode dar testemunho, porquanto partimos quase juntos. Recebei todo o auxílio para iniciar minha grande tarefa e intraduzível alegria me dominava o espírito no desdobramento dos primeiros serviços. Minha mãe, que se convertera em minha devotada orientadora, não cabia em si de contente. Enorme entusiasmo instalara-se-me no espírito. Sob meu controle direto, estavam alguns médiuns de efeitos físicos, além de outros consagrados à psicografia e à incorporação; e tamanho era o fascínio que o comércio com o invisivel exercia sobre mim, que me distraí completamente quanto à essência moral da doutrina. Tínhamos quatro reuniões semanais, às quais comparecia com assiduidade absoluta. Confesso que experimentava certa volúpia na doutrinação aos desencarnados de condição inferior. Para todos eles, tinha longas exortações decoradas, na ponta da língua. Aos sofredores, fazia ver que padeciam por culpa própria. Aos embusteiros, recomendava, enfaticamente, a abstenção da mentira criminosa. Os casos de obsessão mereciam-se ardor apaixonado. Estimava enfrentar obsessores cruéis para reduzi-los a zero, no campo da argumentação pesada. Outra característica que me assinalava a ação firme era a dominação que pretendia exercer sobre alguns pobres sacerdotes católico-romanos desencarnados, em situação de ignorância das verdades divinas. Chegava ao cúmulo de estudar, pacientemente, longos trechos das Escrituras, não para meditá-los com o entendimento, mas por mastigá-los a meu bel-prazer, bolçando-os depois aos Espíritos perturbados, em plena sessão, com a ideia criminosa de falsa superioridade espiritual. O apego às manifestações exteriores desorientou-me por completo. Acendia luzes para os outros, preferindo, prém, os caminhos escuros e esquecendo a mim mesmo. Somente aqui, de volta, pude verificar a extensão da minha cegueira.
     Por vezes, após longa doutrinação sobre a paciência, impondo pesadíssimas obrigações aos desencarnados, abria as janelas do grupo de nossas atividades doutrinárias, para descompor as crianças que brincavam inocentemente na rua. Concitava os perturbados invisíveis a conservarem serenidade para, daí a instantes, repreender senhoras humildes, presentes à reunião, quando não podiam conter o pranto de algum pequenino enfermo. Isso, quanto a coisas mínimas, porque, no meu estabelecimento comercial, minhas atitudes eram inflexíveis. Raro o mês que não mandasse promissorias a protesto público. Lembro-me de alguns varejistas menos felizes, que me rogavam prazo, desculpas, proteção. Nada me demovia, porém. Os advogados conheciam minhas deliberações implacáveis. Passava os dias no escritório estudando a melhor maneira de perseguir os clientes em atraso, entre preocupações e observações nem sempre muito retas e, à noite, ia ensinar o amor aos semelhanes, a paciência e a doçura, exaltando o sofrimento e a luta como estradas benditas de preparação para Deus.
     Andava cego. Não cosneguia perceber que a existência terrestre, por si só, é uma sessão permanente. Talhava o Espiritismo a meu modo. Toda proteção e garantia para mim, e valiosos conselhos ao próximo. Ao demais disso, não conseguia retirar a mente dos espetáculos exteriores. Fora das sessões práticas, minha atividade doutrinária consistia em vastíssimos comentários dos fenômenos observados, duelos palavrosos, narrações de acontecimentos insólitos, crítica rigorosa dos médiuns.
     Monteiro deteve-se um pouco, sorriu e continuou:
     - De desvio em desvio, a angina encontrou-me absolutamente distraído da realidade essencial. Passei para cá, qual demente necessitado de hospício. Tarde reconhecia que abusara das sublimes faculdades do verbo. Como ensinar sem exemplo, dirigir sem amor? Entidades perigosas e revoltadas aguardaram-me à saída do plano físico. Sentia, porém, comigo, singular fenômeno. Meu raciocínio pedia socorro divino, mas meu sentimento agarrava-se a objetivos inferiores. Minha cabeça dirigia-se ao Céu, em súplica, mas o coração colava-se à Terra. Nesse estado triste, vi-me rodeado de seres malévolos que me repetiam longas frases de nossas sessões. Com atitude irônica, recomendavam-me serenidade, paciência e perdão às alheias faltas; perguntavam-me igualmente, porque me não desgarrava do mundo, estando já desencarnado. Vociferei, roguei, gritei, mas tive de suportar esse tormento por muito tempo.
     Quando os sentimentos de apego à esfera física se atenuaram, a comiseração de alguns bons amigos me trouxe até aqui. E imagine o irmão que meu Espírito infeliz ainda estava revoltado. Sentia-me descontente.
     Não havia fomentado as sessões de intercâmbio entre os dois planos? Não me consagrara ao esclarecimento dos desencarnados?
     Percebendo-me a irritação ridícula, amigos generosos submeteram-me a tratamento. Não fiquei satisfeito. Pedi à Ministra Veneranda uma audiência, visto ter sido ela a intercessora da minha oportunidade. Queria explicações que pudessem atender ao meu capricho individual. A Ministra é sempre muito ocupada, mas sempre atenciosa. Não marcou a audiência, dada a insensatez da solicitação; no entanto, por demasia de gentileza, visitou-me em ocasião que reservara a descanso. Crivei-lhe os ouvidos de lamentações, chorei amargamente e, durante duas horas, ouviu-me a benfeitora por um prodígio de paciência evangélica. Em silêncio expressivo, deixou que me cansasse na exposição longa e inútil. Quando me calei, à espera de palavras que alimentassem o monstro da minha incompreensão, Veneranda sorriu e respondeu: - "Monteiro, meu amigo, a causa da sua derrota não é complexa, nem difícil de explicar. Entregou-se, você, excessivamente ao Espiritismo prático, junto dos homens, nossos irmãos, mas nunca se interessou pela verdadeira prática do Espiritismo junto de Jesus, nosso Mestre."
     Nesse instante, Monteiro fez longa pausa, pensou uns momentos e falou, comovido:
     - Desde então, minha atitude mudou muitíssimo, entendeu?
     Aturdido com a lição profunda, respondi, mastigando palavras, como quem pensa mais, para falar menos:
     - Sim, sim, estou procurando compreender.





domingo, 11 de março de 2012

Estudo do Livro dos Espíritos - Capítulo 8: Da emancipação da alma

Todo domingo realizamos o estudo do Livro dos Espíritos. O tema de hoje foi o capítulo 8 - Da emancipação da alma - Visitas espíritas entre pessoas vivas, Transmissão oculta do pensamento, Letargia, catalepsia, mortes aparentes, Sonambulismo e Êxtase.


Tratarei de fazer um breve resumo para não cansar os possíveis leitores, baseado nas respostas dadas pelos amigos espirituais às perguntas efetuadas por Kardec.



Visitas espíritas entre pessoas vivas 


413. Quando a alma liberta-se do corpo, não estamos diante exatamente de "duas existências" (a do corpo e a da alma). São, na verdade, duas fases da mesma existência.

414. Nos encontramos, durante o sono, com pessoas que conhecemos e com outras as quais achamos desconhecer quando encarnados. Podemos ter amigos em outros países e os visitamos todas as noites, bem como os amigos, parentes e espíritos simpáticos.

415. A utilidade dessas visitas, apesar de não nos recordamos exatamente delas, nos serve como intuição, e inclusive, essas intuições formam idéias que surgem "inexplicavelmente" quando estamos despertos.

416. Apesar de algumas pessoas quererem visitar certo alguém e, para tanto, dizem antes de dormir: "esta noite quero me encontrar em Espírito com tal pessoa, falar com ela e dizer-lhe alguma coisa", não necessariamente se encontrarão com as mesmas, tendo em vista que os objetivos do espírito são outros frente aos objetivos desse mesmo espírito quando encarnado. Pode ser que esse espírito vá visitar o ser que desejou antes de dormir, mas não será por esse fato em si, mas sim por existir uma necessidade maior que o espírito somente enxerga quando desprendido parcialmente dos laços materiais.

417. Espíritos se reúnem e formam verdadeiras assembleias na espiritualidade, visto que os laços de amizade os fazem reunir em espírito.

418. É possível que um espírito verifique se um outro espírito está bem, se desencarnou ou se está passando por alguma dificuldade. Assim, ao despertar, terá um pressentimento sobre a situação do(a) amigo(a).

Transmissão oculta do pensamento 


419. Mesmas idéias surgem em vários lugares diferentes pois os Espíritos se comunicam entre si durante o sono. Dessa forma, o Espírito se recorda do que aprendeu e o homem acredita ser obra de sua invenção. Por isso que muitos podem "descobrir" a mesma coisa ao mesmo tempo. "Quando dizeis: uma idéia está no ar, usais de uma figura de linguagem mais justa do que acreditais; cada um, sem saber, contribui para propagá-la."

420. Os espíritos podem se comunicar com outros espíritos, mesmo que estejam acordados, tendo em vista que o espírito não está encarcerado num corpo como numa caixa, ele se irradia para todos os lados.

421. Duas pessoas despertas que tem, instantaneamente, a mesma idéia são espíritos simpáticos. Há, entre eles, uma comunicação de pensamentos que os fazem se compreender sem a necessidade de sinais exteriores.

Letargia, catalepsia, mortes aparentes 


422. As pessoas que possuem letargia ou catalepsia, tem ciência do que ocorrem com elas, mas estão impossibilitadas de se comunicarem.

423. Não se comunicam pois o estado do corpo em que se encontram, não as permitem. Tal estado dos órgãos comprova que existe algo mais além do corpo, uma vez que o corpo não funciona mais, porém o espírito ainda age.

424. É possível, através do magnetismo por exemplo, reatar os laços que estão prestes a se romper e tornar à vida um ser que, sem o auxílio, estaria morto. Essa ação restitui ao corpo o fluido vital que falta ao ser auxiliado.

* Diferença básica entre catalepsia e letargia: Ambos provocam a perda momentânea da sensibilidade e do movimento por uma causa fisiológica. A diferença é que, na letargia, há a suspensão geral das forças vitais, dando ao corpo a aparência de morte. Já na catalepsia, o fenômeno é mais localizado e pode afetar uma parte mais ou menos extensa do corpo, permitindo à inteligência que se manifeste. Outra diferença é que a letargia é sempre natural, já a catalepsia é alguma vezes espontânea mas pode ser provocada ou desfeita artificialmente através de ação magnética.

Sonambulismo 


425. Relação do sonambulismo com o sonho: O sonambulismo é uma situação de independência do Espírito mais completa do que no sonho, pois suas aptidões e faculdades estão mais afloradas do que no sonho, o qual seria um estado de sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, o Espírito tem total posse de si mesmo. Por esse motivo, os órgãos não recebem as influências exteriores. O sonambulismo se dá principalmente durante o sono, quando o espírito se encontra livre da matéria, que repousa. A sua causa pode ser encontrada na preocupação do Espírito, que se utiliza do seu corpo, da mesma forma que se utiliza de um objeto para realizar algo. Já nos sonhos em que se tem consciência, os órgãos começam a despertar, incluindo a memória, as quais recebem impressões confusas e frequentemente sem nexo algum. Por isso que os sonâmbulos não tem lembrança de nada do que ocorrera e os que sonham possuem lembrança, mas em geral essas não tem sentido algum.

426. O sonambulismo magnético se diferencia do sonambulismo natural pelo simples fato do primeiro ser provocado, tão somente.

427. A natureza do fluido magnético é derivada do fluido vital, eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.

428. A causa da clarividência sonambúlica se encontra na alma, pois esta que vê, e sua visão é mais ampla do que as dos encarnados.

429. O sonâmbulo enxerga através de corpos opacos pois os limites impostos pela matéria somente são aplicáveis aos encarnados. Para o espírito, a matéria não constitui obstáculo, uma vez que a atravessa livremente. "Freqüentemente, o sonâmbulo diz que vê pela fronte, pelo joelho, etc., porque vós, inteiramente presos à matéria, não compreendeis que se possa ver sem o auxílio dos órgãos da visão. Ele mesmo, pelo desejo que tendes, acredita ter necessidade desses órgãos, mas se o deixásseis livre compreenderia que vê por todas as partes de seu corpo ou, melhor dizendo, vê de fora de seu corpo".

430. Apesar desta clarividência, não é possível que os Espíritos imperfeitos vejam e conheçam a tudo. Eles ainda possuem erros e preconceitos. Além disso, quando estão ligados à matéria, estão sujeitos às suas limitações. "Deus deu ao homem a faculdade do sonambulismo com um objetivo útil e sério e não para o que não deve saber; eis por que os sonâmbulos não podem dizer tudo".

431. É possível que o sonâmbulo fale com exatidão de coisas que ignora quando acordado e que estão acima até mesmo de sua capacidade intelectual porque ele possui mais conhecimentos do que supomos. O seu corpo é um entrave para que se possa lembrar das coisas. Afinal, ele é um Espírito encarnado e o estado de sonambulismo o liberta do corpo momentaneamente. "Ao entrar no estado que chamais de transe, ele se recorda, mas nem sempre de uma maneira completa; sabe, mas não poderia dizer de onde lhe vem o que sabe nem como possui esses conhecimentos. Passado o transe, toda lembrança se apaga e ele volta à obscuridade."

Nota de Kardec: Os sonâmbulos também recebem comunicações de outros Espíritos que lhes transmitem o que devem dizer e suprem sua insuficiência. Isso se vê especialmente nas prescrições médicas: o Espírito do sonâmbulo vê o mal, um outro lhe indica o remédio. Essa dupla ação é algumas vezes evidente e se revela, de forma clara, por essas expressões bastante freqüentes:" dizem-me para dizer, proíbem-me de dizer tal coisa". Nesse último caso, há sempre perigo em insistir para obter uma revelação recusada, visto que então são apanhados por Espíritos levianos que falam de tudo sem escrúpulo e sem se preocuparem com a verdade.

432. A visão à distância dos sonâmbulos se explica pelo transporte da alma durante o fenômeno.

433. O desenvolvimento do sonambulismo dependerá da organização física do sonâmbulo e também da natureza do Espírito ali encarnado. Essas características permitirão um maior ou menor desprendimento do Espírito.

434. As faculdades que possuem os sonâmbulos não são as mesmas de Espíritos desencarnados, já que existem as limitações orgânicas proporcionadas pela matéria.

435. A maioria dos sonâmbulos vêem os Espíritos, dependendo do seu grau de lucidez, mas algumas vezes não se dá conta disso e pensa enxergar seres encarnados. Isso acontece principalmente com aqueles que não tem conhecimento espírita. Por isso, acreditam estar diante de pessoas vivas.

436. O sonâmbulo vê à distância através da alma.

437. Como esta alma não deixou totalmente o corpo, ela transmite ao mesmo as sensações de frio ou calor quando se transporta para determinado lugar, mesmo que muito longe de onde está seu corpo. Essa ligação da alma com o corpo constitui-se de um laço que conduz as sensações. "Quando duas pessoas se correspondem de uma cidade a outra por meio da eletricidade, é a eletricidade o laço entre seus pensamentos. Por esse laço se comunicam como se estivessem ao lado uma da outra".

438. O uso que um sonâmbulo faz de sua faculdade influencia diretamente no seu estado espiritual após a morte, "como o bom ou o mau uso de todas as faculdades que Deus deu ao homem.


Êxtase

439. Diferença entre êxtase e sonambulismo: "O êxtase é um sonambulismo mais depurado; a alma do extático é ainda mais independente".

440. O Espírito do extático vê e compreende os mundos superiores e a felicidades daqueles que os habitam. Por isso, deseja lá permanecer. "Mas existem mundos inacessíveis aos Espíritos que não são suficientemente depurados."

441. A depender do grau de pureza do Espírito, ele deseja deixar ou não a Terra. "Se vê sua posição futura melhor do que sua vida presente, faz esforços para romper os laços que o prendem à Terra".

442. E, se o extático fosse abandonado à si mesmo, poderia morrer. "Por isso é preciso fazê-lo voltar apelando para tudo o que pode prendê-lo à vida na Terra e, principalmente, fazendo-o compreender que, se romper a cadeia que o retém aqui, será a maneira certa de não permanecer onde ele vê que seria feliz".

443. O que o extático vê é real para ele, mas como ele se encontra encarnado, acaba exprimindo o que vê numa linguagem apropriada a seus preconceitos ou às ideias em que foi educado, para que seja melhor compreendido. "É, principalmente, nesse sentido que ele pode errar."

444. O extático pode frequentemente se enganar, principalmente quando pretende adentrar assuntos que ainda não deve conhecer, porque aí colocará suas próprias ideias ou as ideias de espíritos inferiores, que se aproveitam de seu entusiasmo para enganá-lo.

445. Os fenômenos do sonambulismo e do êxtase são, verdadeiramente, a vida passada e a vida futura que o homem entrevê. Se estudar esses fenômenos, aí encontrará a solução de mais de um mistério que sua razão procura inutilmente penetrar.

446. Não é possível que o materialista e o ateu compreendam as causas do sonambulismo e do êxtase. Aquele que os estuda de boa-fé, sem prevenções, não pode ser nem materialista nem ateu.

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Na próxima semana, continuaremos com o estudo e prosseguirei postando o resumo das reuniões aqui no blog.

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