quinta-feira, 27 de janeiro de 2011

Os Amantes de Beledina

Os Amantes de Beledina


Torrente despenca dos Céus, anunciando a chegada da primavera na antiga fortaleza de Beledina, Espanha. Rodeada de extensas montanhas e com os cumes mais altos da região meridional espanhola, tal comunidade fora fundada como fortaleza principal do Governo de Castela, no período em que as invasões bárbaras amedrontavam as fronteiras do Norte.

Vencidos os primeiros combates contra a invasão que ameaçava o domínio da região em que situa-se o palco de nossas narrações, a comunidade, antes fortaleza inquebrantável, tornara-se pacífico e calmo burgo, destino de inúmeros nobres que intentavam repousar em seus belíssimos campos, meditando com os olhares fixos na imensidão do Mar Mediterrâneo.

As chuvas freqüentes na época em que se passa nossa história deixavam um solo fértil e propício para o cultivo de inúmeras culturas agrícolas, proporcionando aos habitantes do burgo relativa tranqüilidade financeira e os extensos vales floridos tornavam o local porto seguro predileto dos casais apaixonados que para lá se dirigiam para trocar juras de amor eternas.

Não é diferente para os principais personagens de nossa trama que se inicia. Ambos, ocultados por imensa árvore situada na fronteira de dois imensos campos povoados de belíssimos girassóis, compartilham paixão intensa, trocando carícias e beijos apaixonados.

Apesar de figurar paradisíaco o local em que se encontravam, estavam completamente a sós, em virtude da dificuldade de se acessar o referido lugar pela extensa faixa de mata fechada que circundava os limites das propriedades em que se encontravam o casal em segredo, acompanhados apenas dos pequenos roedores que buscavam abrigo e das inúmeras espécies de insetos a beijarem as flores em busca do precioso néctar.

Cecília Rodriguez de Albuquerque Donázio e Castillo, bela senhora da burguesia espanhola, que mais se assemelhava a verdadeira ninfa, coroada com reluzentes cachos dourados que envolviam sua cabeça, a descer pelos ombros, com grandes olhos azuis profundos, lábios finos e nariz afilado, de pele alva e porte indefinível, envolvia o parceiro em abraço afetuoso, cobrindo-lhe a face de beijos.

Aquele que era objeto de suas mais sinceras afeições denominava-se Luiz Garcin, camponês simples, conhecido construtor no burgo em que residia, que auxiliava com seus serviços os diversos setores sociais daquela comunidade, edificando inúmeras construções junto à burguesia e reformando muitas propriedades das famílias nobres que visitavam aquele paraíso oculto pelas montanhas.

O motivo da busca de privacidade é de fácil constatação pelo(a) leitor(a) amigo(a), tendo em vista que o abismo social que dividiam os amantes não lhes permitiam assumir postura de feliz casal unido pelas bênçãos do matrimônio. No entanto, tal condição não configurava o único empecilho sofrido pelos personagens dessa história. O maior deles era que a Senhora Cecília já estava vinculada por matrimônio com o Conde Diego Rodriguez de Andrade-Nórbega, importante comerciante local, que tirava da terra fértil da região as imensas produções agrícolas, que levava aos burgos vizinhos, enriquecendo sobremaneira. A posição destacada que havia alcançado com intensas disputas comerciais com os estrangeiros abastados que chegavam para tomar-lhe o posto de principal fornecedor da região deram-lhe importante consideração na sociedade que fazia parte.

O título de Conde das terras de Vestache, situada ao norte do burgo de Beledina propiciou o matrimônio com Cecília, apesar da grande diferença de idade entre ambos, já que D. Diego, homem amadurecido pelas dificuldades que vivera, contava com 54 primaveras, enquanto que a nobre Senhora Cecília possuía recém-feitos 26 anos de pura angelitude.

À época do matrimônio, não houvera discussão acerca da vontade da filha sobre aceitar o pedido do Conde, que impressionara-se com a beleza da jovem Cecília. Prometida à D. Diego desde tenra idade, o vínculo matrimonial se deu tão logo a menina completara dezesseis anos de idade, apesar dos protestos e dos apelos da mesma aos seus pais, que a admoestavam com as atitudes de rebeldia, em virtude do pensamento que mantinham, voltado somente para a preciosa vantagem pecuniária advinda daquela união.

Nos anos que se seguiram, insuficientes foram os apelos da filhinha acerca da conduta do conde, que a enxergava apenas como objeto de seus prazeres, objetivando usar-lhe apenas para a satisfação das exigências carnais que seu corpo demandava, o que era contundentemente negado por Cecília, o que deixava D. Diego transtornado, e, alimentado pela cólera, surrava a pobre menina, trancando-a em seus aposentos para refletir sobre a possibilidade de satisfazer seus desejos mais asselvajados.

Totalmente indiferente aos sentimentos de afeição que necessitava a mesma, o Conde de Vestache passou a trancafiá-la em seu quarto por dias a fio, permitindo-a sair apenas para os passeios matinais aos domingos, em direção à Sinagoga, para manter as aparências diante do pequeno Burgo de Beledina.

Grades foram colocadas às janelas de seu quarto de repouso, que passou a ser sua fortaleza íntima de intensa solidão. Sua única companhia era Ana, velha criada da família Andrade-Nórbega, que acompanhou todo o martírio da ama desde a sua mudança para aqueles sítios.

Em algumas raras oportunidades, D. Cecília conseguia burlar a segurança de seu próprio aposento, adentrando numa das carroças utilizadas para passeio e dirigindo-se para a casa de seus pais, que ficava razoavelmente próxima à propriedade de seu esposo. Os seus genitores a recebiam receosos, temerosos pela chegada de D. Diego, que sempre fora implacável acerca das fugas de sua jovem esposa.

Não havia saída. Sempre que descobria a fuga, o Conde de Vestache demandava o lar dos sogros, em busca de D. Cecília, montado em seu veloz cavalo de cor alva. Ao chegar, com o trotar inconfundível de seu jovem eqüino, agia com austeridade, exigindo o retorno da jovem, que, apesar dos protestos, não podia lutar contra a força daquele homem que a carregava de volta para cavalo, diante do olhar perplexo de seus pais, já idosos e que nada podiam fazer, face os costumes da época, que transferiam tal poderio ao marido, após esposar sua filhinha.

A conduta de D. Cecília apenas provocava mais ódio à D. Diego, que a forçava a ficar cada vez mais dias em seus aposentos, após espancá-la impiedosamente.

 - Jamais amei-o, aquele detestável homem! – dizia cheia de rancor a jovem Cecília a seu amante – Anos de melancolia e infelicidade atingiram-me o ser desde aquele maldito matrimônio, meu amado Luiz! Somente a tua presença consegue acalmar meus sentimentos mais profundos, trazendo a paz e a afeição que tanto tenho sonhado durante todos esses martirizados anos.

Com os olhos fechados, expressão de júbilo na face angelical, continuava Cecília a recordar os momentos que conhecera Luiz Garcin, nos primeiros anos de união com o Conde de Vestache:

- Amor meu, lembro-me como se ainda ontem lhe conhecera, sentado à sombra do Carvalho do extenso jardim que cerca a residência onde eu residira, quando tu coordenava a construção do antigo armazém, depósito das riquezas agrícolas que a terra nos presenteia! Pude avistá-lo da sacada de meus aposentos, quando ainda não vivia trancafiada! Seus lindos olhos a admirarem sua obra, com uma paixão nunca antes vista por mim, fascinou-me de pronto. Senti como que vós fostes o anjo prometido do Senhor para as minhas amargas horas junto do matrimônio infeliz que me encontrava.

Luiz, deitado sobre as pernas de sua amada, olhando-a com intensa paixão, fechara os olhos igualmente, relembrando o momento em que se encontrava na residência dos Rodriguez, de propriedade do Conde, onde apreciava a construção que administrava, quando, de forma repentina encontrou os olhos da jovem, que o estudavam fixamente. Sabia o jovem operário que aquela singela figura tratava-se de bela burguesa, prometida desde a juventude ao D. Diego, pois a sua beleza e simpatia era bem conhecida em todo o pequeno burgo de Beledina. No entanto, estranhara a atitude da jovem, que, mesmo possuindo companheiro, o observava, imóvel, sem ao menos disfarçar a admiração que lhe dominava. Apesar de receoso, por cumprir tarefa junto à residência do comerciante, que lhe contratara para administrar as obras do extenso galpão de armazenamento, venceu as próprias indagações e respondeu ao olhar da jovem, abrindo leve sorriso.

Como se despertasse de uma visão celestial, Cecília sobressaltou-se com a retribuição do olhar daquele belo homem, ruborizando-se e pretendendo fugir ao aposento em que repousava para fugir daqueles negros olhos que a fixavam. No entanto, Luiz chamou-lhe antes que pudesse evadir-se. Apesar de temer a situação, acatou ao chamado, permanecendo à sacada, imóvel. Luiz Garcín aproximou-se, olhando-a do jardim e perguntou se aquela bela senhora não gostaria de descer e acompanhar-lhe na finalização do galpão que estava construindo, para que a mesma desse uma opinião feminina acerca da construção.

Jamais D. Cecília aceitaria tal convite atrevido de um camponês, mas se via completamente perdida diante do charmoso Luiz, que insistia para que descesse. Acabou acatando o pedido, reforçando a própria consciência com a idéia de que seu marido estava em viagem de negócios, o que não traria problema algum dar uma olhada na construção recém inaugurada.

Palestraram, então, o casal apaixonado, identificando diversos sentimentos e gostos próprios, aumentando cada vez mais o desejo de um contato mais direto. Foi então que Luiz lamentou a ausência da ex-esposa, que morrera já havia alguns anos, e que sempre opinava acerca das construções que fazia. D. Cecília, então, ruborizada, opinou sobre a excelência dos detalhes que sua obra ostentava, levando Luiz à fascinação total perante aquela mulher. Questionada acerca da vivência conjugal, D. Cecília confessou, com um olhar cabisbaixo e envergonhado, que era infeliz, sofrendo ao lado daquele que fora prometido à ela quando não podia sequer expressar sua vontade com palavras. O camponês Luiz espantou-se com a notícia, mas não pôde disfarçar a satisfação em saber que a mulher, objeto de seus desejos apaixonados, vivia forçada ao lado do esposo.

Despediram-se ambos, prometendo um reencontro. Aqueles rápidos momentos entre as duas almas já lhe foram suficientes para dominar suas mentes por longas semanas, as quais tinham sonhos felizes, de intenso amor e afeição, despertando, ambos, com uma vontade irresistível de reverem-se.

E assim, com o tempo, Cecília e Luiz começaram a buscarem-se ambos, em sonhos enternecedores. Ela, após negar as investidas do marido com mais veemência do que antes, tendo Luiz a povoar seus pensamentos, passou a ter uma condição de verdadeira cativa em seus aposentos e, por isso, não poderia sair em busca de seu amado, porém, Ana, sua fiel criada, que lhe compartilhara as emoções desde o fatídico dia do casório infeliz, já tinha ciência dos desejos da ama, buscando informações sobre o fiel construtor. Para sua posição, não fora difícil achar a residência de Luiz, que se fixara frente à famosa praça de Dom Castro, no centro do burgo espanhol, após enviuvar, vítima que fora sua esposa da peste que invadiu o burgo nos primeiros anos daquele século.

Ao relatar tais informações para sua afetuosa patroa, a mesma rejubilou-se ao confirmar a ausência de empecilho matrimonial do objeto de seus desejos, Luiz, que nutria o mesmo sentimento de afeição à D. Cecília, aguardando um reencontro que não tardava. Foi esse sentimento que incendiou os refolhos d’alma de Cecília, a qual não conseguia mais antever outro futuro senão aquele junto dos braços de Luiz, apesar dos perigos que carregavam tais intenções, além da distância social imposta a ambos.

Questionada pela serva acerca da traição a que intentava cometer, Cecília justificava-se, afirmando que não suportava mais o casamento infeliz, onde sofria diversas limitações e, pior, apanhava quase que diariamente, diante da negativa de deitar-se com aquele ser impiedoso que tivera a infelicidade de ligar-se pelos laços matrimoniais.

- Repugno aquele velho! – dizia sempre Cecília, quando questionada pela criada sobre a possibilidade de trair a instituição do casamento, cedendo ao objeto de tentação que lhe constituía Luiz – Detesto cada segundo de carícias que aquele infeliz me força a suportar quando se encontra animalizado pelo fogo do prazer carnal! Se pudesse, eu mesma o mandaria para bem longe, sentindo-me livre para buscar meu verdadeiro amor, meu anjo enviado por Deus para aliviar meu sofrimento junto do maldito D. Diego!

Apesar das fortes palavras ditas pela senhora, a mesma não tinha tanta frieza nos sentimentos, pois jamais deu vazão à idéia do assassínio, que poderia livrar-lhe do marido, estando livre para dedicar-se ao amor sincero de Luiz. Ainda que sua serva Ana a lembrasse do testemunho que a patroa deveria dar, aceitando sua condição junto ao marido, que fora destinado a ela pela vontade de Deus, D. Cecília classificava a serva como tresloucada, que não tinha capacidade de compreender os verdadeiros laços de amor.

Cumpre ressaltar neste ponto da história que Ana sempre fora cristã, recebendo educação religiosa de uma instituição de freiras dedicadas à formação de jovens carentes. Diante da situação difícil que vivia sua ama, sempre procurou acalentá-la com as mensagens de Jesus para os corações aflitos, afirmando que não deveria ela desrespeitar os laços matrimoniais, deitando-se com um homem, senão seu esposo. Compreendia sua patroa, que, na condição que vivia não poderia corresponder às vontades do Conde, já que as humilhações eram muitas, porém, entregar-se a outro homem era inadmissível para os seus valores cristãos.

Além disso, lembrava à sua amada amiga que D. Diego, apesar do que fazia, jamais fora visto em companhia de outra mulher que não fosse a esposa. Jamais dera motivos para que qualquer pessoa desconfiasse de sua fidelidade à D. Cecília e, não obstante trancafiá-la em seus aposentos, jamais demandou casas onde predominavam a devassidão, no exercício da prostituição.

D. Cecília permanecia surda aos conselhos de Ana, alimentando cada vez maior desejo em conquistar Luiz, objeto de seus mais íntimos desejos de mulher. D. Diego nada desconfiava, continuando a administrar seus negócios.

Assim, de forma a receber investidores, velhos amigos comerciantes e sua própria parentela, D. Diego resolveu reformar o salão de festas para receber seus parentes abastados, a conhecida família Andrade-Nórbega, além daqueles acima discriminados. Tais encontros, que eram realizados periodicamente, sempre continham abastança de alimento e bebidas diversas, fazendo com que suas festas fossem conhecidas por todo o hemisfério Sul de Espanha, entre os burgueses de renome.

Dessa forma, para reformar o referido salão, requisitou ao seu servo mais fiel, o Sr. Marcel, que procurasse o melhor construtor e reformador do burgo de Beledina. Assim o fez tal servo, trazendo à presença do seu senhor o nosso conhecido Luiz Garcin, que se dirigiu junto do Conde para o salão de festas, que situava-se num dos jardins imensos daquela bela propriedade. Indicando todas as reformas que seriam necessárias para que a festa fosse mais uma vez comentada em todos os cantos daquele Reino, Luiz despediu-se de seu empregador, prometendo voltar no dia seguinte com os primeiros recursos e com diversos empregados de sua casa de reformas.

No dia posterior, quando Sol brilhava sobre os sinos da Catedral de Gartía Debaldino, a mansão encheu-se de operários, trazendo agitação e barulho à vida mansa e cheia de quietude daquele lar. D. Cecília, diante da preocupação do marido com as preparações para o grande evento, encontrava-se livre por alguns dias da insistência do esposo, e, por isso, podia caminhar livremente pela propriedade, em companhia de sua fiel serva, Ana.

Dirigiram-se, ambas, para o jardim predileto de D. Cecília para admirar a natureza e dialogar com sua serva, sem imaginar que a alguns metros daquele local, estava Luíz Garcín a administrar a grande obra, determinando as funções de cada empregado. Ao sentarem, maior surpresa não poderia ter dominado D. Cecília quando avistou o ser amado. Não acreditava que o destino teria trazido até si o homem que preenchia seus sonhos, seus mais íntimos pensamentos e desejos. O mesmo ocorrera com Luiz, que, ao virar-se, deparou-se com o olhar melancólico, mas apaixonado de D. Cecília. Não pôde igualmente segurar a forte emoção que sentia, tentando recordar de onde conhecera aquele olhar. Ao reconhecer D. Cecília, seu coração disparou como o de um adolescente dominado por intensa paixão juvenil e mal pôde continuar o serviço.

Dali a alguns minutos, D. Cecília pareceu esquecer-se de onde se encontrava, de quantos lhe observavam as atitudes, de sua condição de esposa de grande comerciante e, apesar de admoestada por sua serva, mandou informar à Luiz que ela o aguardava  no estábulo. A serva, apesar de totalmente contrariada, obedeceu, repassando a informação ao construtor.

Mal acreditando na suposta sorte que detinha em mãos, Luiz encaminhou-se ao estábulo, onde se deparou com sua amada a lhe esperar, radiosa, vestida com bela indumentária característica da burguesia, com jóias a lhe coroar o busto e os pulsos. Ao se aproximar, com o coração aos saltos, não pôde segurar a emoção e, considerando insuportável a distância entre ambos, enlevou D. Cecília com o braço, assumindo sua condição de homem apaixonado. D. Cecília tentou desvencilhar-se de forma sutil, porém, o que ela sempre sonhara estava ocorrendo, apesar de não ser da forma que desejaria.

Percebendo Luiz que D. Cecília correspondia a seus carinhos, procurou-lhe os lábios e beijou-a intensamente, provocando emoção nunca sentida pela mesma. Aquele beijo que durara alguns segundos, pareciam o selo da eternidade para ambos, que se amavam desde outras Eras, conservando Amor sincero desde outras reencarnações. Aqueles dois espíritos, que antes pareciam desconhecidos, redescobriam suas condições de eternos amantes perante a Eternidade.

Desejando permanecer por horas, dias, anos a fio, D. Cecília acabou cedendo ao temor de levantar suspeitas e demandou ao Lar, às pressas, deixando um Luiz extremamente eufórico, com as emoções à flor da pele. O camponês voltou aos seus afazeres, porém, não contavam ambos que sua imprevidência acarretaria em amargas conseqüências.

Sr Marcel, servo fiel do Conde de Vestache, a tudo acompanhara, percebendo a entrada da Senhora no estábulo e, posteriormente a saída dos dois apaixonados, um após o outro. Com o olhar contrariado diante da conduta que considerava devassa de sua ama, aguardou o retorno do seu senhor e relatou o que tinha visto.

D. Diego parecia um touro indomável, bufando impropérios e alimentando pensamentos infelizes de vindita contra os dois personagens que trouxeram a desgraça para seu Lar. Os pensamentos onde via a esposa nos braços de outro homem fizeram-lhe terrivelmente encolerizado, vez que ela jamais lhe permitiu saborear a sensação de tê-la entre os braços, a trocarem carícias amorosas, conforme todo casal deveria fazer.

No entanto, procurou acalmar os sentimentos, vez que não tinha certeza da traição da esposa. A informação trazida pelo servo denotava somente que ambos estiveram juntos no estábulo, mas não havia a certeza do ato de traição conjugal. Apesar de a probabilidade de ter ocorrido fosse enorme, D. Diego era um homem calculista e perfeccionista. Queria, antes de tomar qualquer providência, ter a certeza de que sua esposa lhe traía, entregando-se a outro homem. E tal idéia lhe corroia o espírito, fazendo com que raciocinasse na forma mais cruel de tratar o assunto se a traição viesse à tona.

Mandou que lhe chamassem a esposa, e, após fazer algumas perguntas, não suportou a mentira que saíam dos lábios daquela que tinha por mulher e, num impulso colérico, agarrou-a pelos cabelos e a levou até o estábulo, empurrando-a ao chão quando chegaram.

- Pois então reflita sobre o que dizes, aqui, no antro de indecência onde efetivaste a ignominiosa traição! – gritou encolerizado o Conde de Vestache para D. Cecília, trancando-a no local onde ficavam os suínos, que estavam agitados com aquela gritaria. Após desferir-lhe alguns tapas, rugindo como um leão desembestado, bateu a porta do chiqueiro com violência ao sair, deixando D. Cecília, humilhada, imunda, em prantos, sofrendo os golpes impiedosos do destino, que sempre cobra de todos os indivíduos a ofensa praticada, cedo ou tarde.

A senhora de Vestache não saberia dizer quanto tempo teria ficado naquele local fétido, em companhia dos animais imundos e dos insetos infecciosos que rondavam as fezes e o resto de alimento dos mesmos. Não suportando mais o cheiro que exalava aquele lugar, desmaiou sobre a palha seca que auxiliava a deixar o estábulo livre da umidade.

Algumas horas depois do ocorrido, desperta D. Cecília, em seu aposento de repouso, acompanhada de Ana, a fiel serva, que explicou à ama o que acontecera após a contenda. Retirada do estábulo, desacordada e imunda, D. Cecília fora trazida ao quarto pelo próprio D. Diego, que a deixou ao chão do aposento e, após repreender a serva pelo descuido de deixá-la caminhar sozinha pela propriedade, jogou-a igualmente no quarto e trancou a porta com estrondo, descendo as escadas e prometendo retornar.

Sua serva deu-lhe banho e limpou algumas feridas, fazendo-a repousar na confortável cama. Encontrava-se mais uma vez trancafiada a Senhora de Vestache, que caíra em prantos, agradecendo aos Céus por ter abandonado o fétido chiqueiro em que fora jogada.

A impiedade de D. Diego durara alguns dias, deixando a esposa sem alimentos nutritivos, condenando-a a alimentar-se somente com pão e água. Além disso, deixara-a trancada por dias a fio, sem permitir sequer as saídas matinais aos domingos em direção à Igreja local, que deixara de freqüentar, bolando planos terríveis para atingir sua próxima vítima: Luís Garcín.

A mente de D. Diego parecia um caldeirão fervente, onde se misturavam pensamentos diversos voltados apenas para vingar a honra ferida. No entanto, não destituiu Luís dos serviços que propusera, deixando-o administrar a obra do salão de festas. Nesse comenos, aproximou-se do operário, desejando conhecer-lhe os pontos fracos a fim de ter sucesso maior na concretização de sua vingança.

O destino, no entanto, preparava grande surpresa ao Conde de Vestache, D. Diego.

Sua esposa, D. Cecília, sorvera a última gota do cálice que experimentava. Após os últimos acontecimentos e com o coração totalmente entregue à Luiz Garcín, procurou bolar plano para escapar à sanha implacável de D. Diego. E, após confabular com sua fiel serva de suas intenções, rogou-lhe procurasse compreender sua condição e colaborar nos planos que havia edificado na mente.

Após alguns conselhos de Ana, que sequer adentravam à mente de D. Cecília, acabou a serva aceitando o plano, que consistia no seguinte: D. Cecília e Ana trocariam de vestes no próximo turno em que Ana teria permissão de adentrar os aposentos de D. Cecília para orar. Assim, entraria Ana e sairia D. Cecília, com as vestes de sua criada. Segundo a Senhora de Vestache não haveria qualquer desconfiança, vez que a estatura de ambas era praticamente idêntica, além do fato de que a serva tinha autorização para adentrar o quarto tarde da noite, objetivando realizar as preces antes do repouso do corpo físico.

E assim se fez. Ana, agora vestida com toda a riqueza de uma burguesa espanhola, aguardava o retorno da ama, sentada à cama da mesma, enquanto D. Cecília abandonava o cárcere do quarto, quando, em verdade, o plano egoísta de D. Cecília não guardava retorno àquele Lar que considerava amaldiçoado pela vergonha e pela maldade. Então, D. Cecília, vestida como simples serva, conseguiu evadir-se de sua mansão, dirigindo-se à residência de Luiz Garcín, guiando-se com um pequeno mapa desenhado por Ana.

Ao chegar ao local, bateu à porta de seu amado, o qual abriu-a e permaneceu perplexo à sua frente, mal acreditando que se tratava de D. Cecília, tão diferente naqueles trajes. Sua emoção, no entanto, não foi menor em virtude de tal motivo, enlaçando-a com um forte abraço ao fechar a porta.

Aquela noite foi considerada por ambos como a mais feliz de suas existências, pois puderam fruir de um amor verdadeiro, sem qualquer empecilho maior. Assim, entregaram-se ambos à conjunção de corpos e de espíritos, reencontrando a tranqüilidade de saberem-se amados, porém, sem conseguirem encontrar a paz de consciência daqueles que obedecem aos desígnios divinos. A união, apesar de sincera, transgredia a lei humana e também a Lei de Deus, pois, a fim de permanecerem juntos, traíam a confiança daquele que era legítimo esposo de D. Cecília.

No entanto, aqueles espíritos eram muito imaturos para compreenderem a Vontade dos Céus, pelo que responderiam ao ato de traição através do sopro implacável do destino, que a todos alcança, seja em que época for.

No dia imediato, Luiz confessou à D. Cecília que, desde o encontro de ambos, começara a edificar uma casa afastada do condado, a fim de para lá se mudarem, fugindo da perseguição de D. Diego, permanecendo no singelo lar até que conseguisse uma forma de adentrar o Mar mediterrâneo n’alguma embarcação comercial que os levassem a um porto de Paz, longe dali.

Notícias melhores não poderiam ser ditas à D. Cecília, que não intentava retornar à propriedade de D. Diego. E assim, antes do fim daquele dia, demandaram para a pequena casa construída por Luiz, a fim de aproveitarem-se um do outro, confabulando mil formas de conseguirem concretizar suas intenções.

No mesmo dia, tocado por sensível intuição, D. Diego subiu as escadas que levavam aos aposentos da esposa, onde, em verdade, encontrava-se Ana, a qual não conseguira adormecer, aflita que estava pela demora da ama. Porém, nada poderia fazer aquela serva, senão aguardar e orar, o que fazia fervorosamente, rogando à Jesus que amparasse o coração imaturo de sua ama, totalmente entregue a uma paixão que poderia acarretar terríveis conseqüências, as quais já percebia aquela sensível alma.

D. Diego, ao abrir a porta que levava ao quarto, não conseguira acreditar no que via. Sob o olhar espantado de Ana, ele pôde constatar o que havia ocorrido. Aos berros, chamou alguns criados responsáveis pela segurança da propriedade, ordenando-lhe que preparassem os cavalos, pois sua esposa fora seqüestrada por Luiz Garcín.

Após deixar um dos criados para supervisar Ana, trancafiando-a no mesmo quarto em que ficara, debandou a cidade, sem anunciar a ninguém o ocorrido, para que fizesse justiça com as próprias mãos.

Buscou informações do paradeiro de Luiz Garcín entre os moradores, porém, os mesmos, que muito consideravam o operário, sempre carinhoso para com todos, pronto para auxiliá-los sempre que possível, não informaram a residência do camponês, informando que o mesmo havia saído naquela tarde em direção aos estepes de Anteras.

Apesar da boa intenção dos moradores, acabaram por indicar exatamente o local aonde o camponês Luiz havia construído o lar para viver juntamente com D. Cecília. Com posse de tais informações, D. Diego raciocinou que o mais lógico que o maldito camponês poderia ter feito era exatamente fugir, covarde que era. Assim, debandou, juntamente com seus asseclas em direção ao Lar improvisado pelo camponês para se dedicar totalmente à D. Cecília.

Retornemos, portanto, ao início de nossas narrações, onde encontram-se deitados, sob frondosa árvore num belo campo, D. Cecília Rodriguez de Albuquerque Donázio e Castillo, a antiga senhora de Vestache , e Luiz Garcín, simples camponês que trabalhava como construtor na cidade palco de nossas narrações: Beledina.

Após relembrarem todos os momentos que os levaram até ali, se dirigiram ao isolado Lar, construído pelo apaixonado Luiz. D. Cecília, agora com indumentária simples, vivia as obrigações do Lar, deixando-o limpo e aconchegante. Ao anoitecer, Luiz resolvera se dirigir ao porto de Beledina para buscar alguma embarcação que os acolhesse, e, após isso, para não levantar suspeitas, retornaria à sua casa, prometendo retorno no dia seguinte, deixando a amada sozinha na casa construída em sua homenagem. Apesar do receio, perceberam que era necessário tal intento, e que chamaria menos atenção o fato de Luiz ir sozinho.

Anoitecendo, forte chuva começara a cair dos Céus, banhando a terra com o alívio da umidade e deixando a região em intensa escuridão. D. Cecília, que fora aconselhada pelo novo esposo a deixar a casa totalmente em sombras até que ele retornasse, obedeceu-o, adormecendo na escuridão.

Despertara D. Cecília angustiada. Ainda era noite, e a antiga Senhora de Vestache tinha pesadelos terríveis, onde cavalos avançavam em sua direção, montados por verdadeiros demônios assustadores, com máscaras de crueldade, implacáveis, portando lanças imensas que apontavam para seu coração, que palpitava freneticamente, sangrando abundantemente. Tais demônios berravam, irônicos, chamando-a de traidora, impiedosa, devassa.

Na escuridão da noite, D. Cecília não conseguira mais adormecer. No entanto, parecera que voltava a ouvir o trote dos cavalos montados por demônios impiedosos. O barulho dos cascos apressados parecia aumentar, até que D. Cecília percebera que não se tratava de um pesadelo, mas sim que haviam cavaleiros aproximando-se da casa em que estava, e, pior, reconhecia naquelas passadas inconfundíveis, o trotar inconfundível do veloz cavalo que pertencia à D. Diego, o esposo traído.

Com o coração aos saltos, abandonou a cama e correu para a saída, ainda descalça, com um temor que lhe fazia tremer os ossos e sensibilizar os músculos. Abandonava o local quando o trotar dos cavalos pareciam colados às suas pegadas. Em meio à escuridão, corria como jamais havia corrido. A chuva havia diminuído, mas em poucos segundos, D. Cecília estava totalmente encharcada, sem nada enxergar. Algumas vezes, raios iluminavam a noite, em flashs velozes, mas que permitiam-lha enxergar o matagal que a cercava, quase na altura dos seus ombros e o caminho em direção ao burgo. Os trovões estrondosos a faziam gemer de terror, mas ela jamais deixava de correr, sumindo em direção ao lar de Luiz.

Quando lá chegou, tentando ocultar-se na escuridão da noite, aproveitou as ruas vazias em virtude da alta madrugada em que se encontrava, e bateu desesperada à janela do amado camponês. Luiz Garcín estranhou aqueles chamados, mas abriu a janela, ajudando a amada a adentrar. Após relatar-lhe o ocorrido, resolveram ambos aguardarem o amanhecer para fugir. Não havia mais esperanças.

Ao amanhecer, após D. Cecília trocar de vestimenta e tratar das feridas de seus pés, se questionaram: Para onde iriam? Não havia opção. Certamente o Conde de Vestache teria emitido ordem para fiscalizarem o porto e qualquer saída, e, em breve encontrariam o reduto onde se encontravam.

Foi então que D. Cecília teve uma idéia ousada. Iriam ambos para o reduto de amor onde se encontravam às ocultas, a frondosa árvore nos limites dos campos de margaridas, lugar deserto, de difícil acesso. Apesar de temer, Luiz não teve opção senão concordar, acompanhando a nova esposa, a passos rápidos até o caminho tortuoso que levava ao referido campo. Ao chegarem, deitaram-se à sombra da velha árvore que serviu de lar provisório para aqueles corações amargurados. Conseguiram adormecer ambos, braços dados e completamente felizes por dormirem agarrados um ao outro, como dois jovens apaixonados.

O que seria aquilo? Cecília não conseguira distinguir. Sua visão estava enevoada. Com leve torpor, procurou abrir os olhos para fixar aquele objeto parado à sua frente. Quando finalmente conseguira distinguir o objeto, o coração saltou-lhe à boca. Todo o trajeto da fuga desesperada que fizera com que ela e seu amado chegassem à sombra da frondosa árvore que os cobriam veio à sua mente, provocando-lhe leve tremor. O objeto à sua frente eram as conhecidas botas de caça do antigo esposo, D. Diego Rodriguez de Andrade-Nórbega, que estavam imóveis, a poucos centímetros dos corpos dos amantes entregues à mansuetude da paixão verdadeira, entorpecidos de amor.

D. Cecília levantou a cabeça lentamente, procurando reconhecer o antigo verdugo e, quando conseguiu encarar-lhe a face, viu o Conde de Vestache encarando-a, impassivo. No entanto, seus olhos pareciam não enxergá-la. Estavam imóveis, fixos, arregalados e esbranquiçados pelo torpor da cólera em mistura com a dor da traição.

Ao olhar para o lado, a antiga Senhora de Vestache percebeu que Luiz Garcín despertava também. E então, ambos passaram a fixar D. Diego. Seu cavalo estava parado a alguns metros e seus servos estavam montados à uma distância relativa dos três.

Nenhuma palavra foi dita. A diversidade de emoções não permitia a nenhum deles manifestar qualquer palavra. Apenas olhares restavam. Olhares de temor, de ódio, de cólera e por fim, o olhar apaixonado dos jovens amantes, que se entreolhavam, parecendo adivinhar o desfecho da triste história.

D. Diego segurava antiga espingarda de caça, utilizada tantas vezes para abater animais que adentravam sua propriedade, ameaçando suas plantações. Agora, no entanto, pretendia o Conde utilizá-la para vingar seu coração amargurado e traído. Por isso, levantou-a lentamente, colocando-a em posição de mira.

Sob o olhar compassivo da antiga esposa, vacilou e pensou em desistir do ato ignominioso do assassínio, incentivado por forças espirituais presentes à cena. No entanto, a vergonha era excessivamente grande. Tinha que vingar sua honra, exterminar aqueles que não o respeitaram como marido e como Conde daquelas terras.

O casal, deitado ao chão, não reagia. Olharam-se, aguardando o término do conflito íntimo de D. Diego e perceberam que aquele era o último momento de suas existências, porém, pensavam que o reencontro seria glorioso após a morte e essa idéia os acalmavam.

Diante deste último ato de humilhação, D. Diego pressionou o gatilho, atingindo em cheio o peito do seu maior inimigo. Luiz Garcín recebera o tiro, que atingiu diretamente seu coração, fazendo-o expirar rapidamente, sob o olhar piedoso de Cecília. O segundo tiro não demorou. Desta vez, no entanto, era Cecília que o recebia, atingindo igualmente seu coração amargurado por anos de sofrimento e expiação. Nos instantes finais de sua desencarnação, pensara em Ana, sua fiel serva, que de certa forma também fora traída pela ama, pois D. Cecília prometeu-a que voltaria, porém, não cumpriu com sua palavra, deixando-a só, aflita e sem notícias.

Com o ferimento fatal no peito, olhou para seu algoz pela última vez, e o mesmo respondeu com um olhar frio e tenebroso, denotando imenso pesar e sofrimento no ato que acabara de cometer. Num último suspiro, antes de expirar diante de seu ex-esposo, Cecília conseguira dizer uma única palavra, mas que ecoou na alma daquele homem embrutecido pelo tempo por longos anos posteriores ao assassínio, trazendo-lhe reminiscências dolorosas:

- Perdoa-me!


Não se engane, querido(a) leitor(a), quanto à mensagem que a história traz, já que não se trata aqui de uma história de amor, onde o casal protagonista viverá as delícias da união eterna após o desencarne.

Como bem enxergamos na trama, Cecília infringiu normas humanas e divinas, tendo em vista que não respeitou seu companheiro, apesar de sofrer imensamente ao seu lado. Além disso, Luíz não respeitou igualmente as leis divinas, pois, sabendo do compromisso de Cecília, continuou a desejá-la, tomando-a do seu legítimo esposo.

Ainda que nos pareça legítimos os atos cometidos por ambos, não podemos olvidar que a Justiça Divina não erra de porta, ou seja, ninguém se vincula a outrem por acaso. O acaso não existe para o Espiritismo e, conseqüentemente, para os espíritas. Tudo tem um porque, tudo tem uma explicação, seja nessa encarnação, seja em outras.

O compromisso que Cecília e Diego tinham deveria ter sido reparado nessa encarnação sofrida que ambos viveram. Se realmente Cecília e Luíz se amaram, deveriam ter aguardado em Cristo a solução dos seus problemas, mas nunca agir com o objetivo de ferir outrem.

Além disso, Deus colocara Ana, a fiel serva, que sempre aconselhava a ama sobre como melhor proceder, jamais infringindo as leis humanas e ainda menos as leis divinas, onde ambas impediam qualquer ação infiel por parte de Cecília, que nunca dera ouvidos aos chamados cristãos através da boca de Ana.

A palavra de nosso mestre é clara no que diz respeito ao sentimento alheio. Jamais fazer com o próximo o que não desejamos para nós outros. Além disso, jamais desejar a mulher do próximo, como o fizera Luíz.

Sendo assim, cabe-me esclarecer o destino desses dois espíritos, diante da consciência divina, após o desencarne.

Após algumas reencarnações expiatórias, aonde ambos sofreram traições daqueles a quem tinham afeto, para que suas consciências se harmonizassem, dando o devido respeito à fidelidade conjugal e afetiva, reencarnaram novamente, vindo a se conhecerem na juventude.

Após alguns anos juntos, fatos imperiosos levaram-nos a se separar, por motivos educacionais e financeiros, mas continuaram se amando, cultivando tal sentimento, como namorados.

Hoje vivem relativamente longe um do outro, apesar de muito se amarem. Sofrem com tal distância, mas sabem, no âmago de seus seres, que sofrem tal restrição porque antes infringiram norma divina de fidelidade. Ou seja, quando reencarnaram para viverem distantes um do outro, infringiram a lei e forçaram a união. Hoje, quando poderiam ficar juntos, são forçados pelas circunstâncias a se amarem à distância.

A dívida criada perante o espírito de Diego terá que ser adimplida, aonde deverão recebê-lo seja em que circunstância for, cultivando o amor e a afeição por ele, para que novamente ele aprenda a confiar naqueles seres que antes o traíram.

A Lei Divina é implacável, e, ao mesmo tempo, misericordiosa. Deus não quer que soframos, mas quer que aprendamos a respeitá-Lo e a respeitar Suas Leis, amando ao próximo como a nós mesmos. Sendo assim, cultivemos em nossos corações a paciência para aguardar o momento certo da nossa felicidade conjugal ou afetiva. O que é nosso chegará gradativamente, à medida de nosso merecimento, esforço e renúncia a favor do próximo. Nunca através de transgressões à Lei Divina, ainda que aceitas pela sociedade em que vivamos. Amar é a chave! E se amar significa viver longe daqueles que temos afeto, para adquirirmos novos valores, que assim seja!

4 comentários:

  1. Deus é mais.
    Você não tem pena de mim não, né?

    Vou levar um tempo para ler todo.
    Quando acabar, postarei um comentário.

    Abraço.

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  2. Risos.
    Tratando-se de tema tão pessoal, não poderia deixar de especificar os detalhes...

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  3. Nos resignar à situação em que Deus nos coloca, às vezes oposta aos nossos desejos e vontades pessoais, é algo muito difícil.
    Apenas espíritos muito maduros na fé conseguem isso.

    Certamente a cultura da época não colaborou com os dois.
    Quiçá fosse hoje em dia, sendo vítima de agressões constantes, ela conseguisse se separar do Diego legalmente e, uma vez desligada dos vínculos matrimoniais, pudesse seguir com Luiz sem o drama de consciência para ambos.

    E como já te disse, sei muito bem o que é amar em silêncio por anos, para não causar perturbação na relação daquela que era alvo da minha afeição rsrs
    Como diz a música: é barril.

    (risos)

    Gostaria de conhecer esses dois aí: Luiz e Cecília!
    Tenho certeza que formam um belo casal.

    Abraço.

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  4. Hahahaha.
    És um excelente piadista, Bruno... rs

    Prometo que não postarei contos tão longos por algum tempo. Mas não disse que não mais postarei, hein? É apenas por um tempo... ;D

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