terça-feira, 25 de janeiro de 2011

Carnavalescos

Imensa mole reúne-se em larga via pública, numa das capitais de nosso Brasil para celebrar a festa onde costumou-se afirmar que a “carne vale”, originando o termo carnaval. No entanto, é preferível afirmar, diante do quadro tenebroso que se formava, que a carne nada vale naquelas circunstâncias, diante da desconsideração dominante no que concerne à integridade físico-psiquica-emocional daqueles que compartilhavam da referida festividade.

A multidão compacta e frenética se embriaga e exaltam ao som de batidas ensurdecedoras provenientes de imensos trios elétricos, que alimentam a insaciável necessidade de extravasar as energias dos envolvidos, olvidados que estavam dos valores morais e anestesiados nos sentimentos nobres para com o próximo, buscando única e exclusivamente o êxtase das sensações carnais e a satisfação de seus mais secretos desejos.

Indescritível quadro espiritual formara-se no local, somando aos encarnados milhares de outros desencarnados, tão envolvidos quanto os primeiros na exaltação da carne e de suas necessidades mais selvagens, contribuindo para o aumento exorbitante de miasmas perturbadores, que eram exalados das mentes dos milhares de foliões e contaminavam toda aquela região dedicada aos festejos.

Ambos os planos, numa interação que torna imperceptível a diferenciação entre os que possuem ainda o invólucro carnal e aqueles outros que já se encontravam desencarnados, formavam um verdadeiro exército em marcha, porém, sem a organização característica dos institutos militares, onde os foliões berravam, embebedavam-se, engalfinhavam-se e pareciam extasiados com a permuta de energias menos dignas.

Para retratar a psicosfera dominante, é necessário compará-la à nuvem espessa com coloração escura, sombria, deixando impressão constrangedora e nauseante para espíritos sensíveis que porventura viessem a presenciar o fato.

 Entidades dedicadas ao mal transitavam livremente em meio à multidão, gerando balbúrdia e desespero entre aqueles que atrapalhavam sua caminhada, através de chutes, palavrões e gestos extremamente ofensivos, pelo que eram imitados, inconscientemente pelos encarnados sintonizados na mesma vibração doentia.

Em alguns pontos daquela imensa multidão, notava-se a atuação direta desses seres desencarnados zombeteiros, onde provocavam brigas violentas entre os encarnados ao soprarem sugestões infelizes, desvios de conduta e tentativas desesperadas de satisfação de prazeres asselvajados, os quais gargalhavam quando viam suas idéias receptadas pelos encarnados e colocadas em prática pelos mesmos.

Além dessas ocorrências, na homogeneidade de condutas infelizes, se destacava ainda a interação sexual entre os participantes da festa, que mais se assemelhava a verdadeiro bacanal, onde não havia qualquer consideração ao sentimento de afeição e amor, priorizando-se a busca incessante de inúmeros parceiros, a trocarem beijos lascivos, carregados de exacerbada sensualidade, além dos gestos que imitavam a conjunção carnal entre os participantes.

Cumpre salientar ainda a contribuição amedrontadora que a utilização de entorpecentes diversos trazia à multidão, os quais ingeriam tais substâncias para atingir de forma mais completa a extrema euforia da comemoração, lesando seriamente o invólucro carnal e trazendo conseqüências dolorosas para o perispírito, o qual levará anos para recuperar-se, através de sucessivas reencarnações expiatórias repletas de dificuldades e limitações.

Tais condutas atraíam ao evento os tipos espirituais mais nefandos que se possa imaginar, que encontravam sintonia apta para a satisfação de suas intenções menos dignas, acoplando-se aos encarnados presentes e sintonizados com os mesmos ideais, fruindo de todas as sensações percebidas pelos encarnados.

Sem falar naqueles que se aproveitavam da balbúrdia para verem concretizados seus objetivos infelizes, assassinando friamente seus oponentes, os quais despertavam no Mundo Espiritual sem se aperceberem do ocorrido, confusos e desesperados, evadindo-se às carreiras sem rumo ou enlouquecendo diante da constatação do desligamento da máquina física.

Apesar da aparente dominação das forças do mal nesse quadro, não podemos olvidar que os desígnios do Alto atuam incessantemente a favor das criaturas, enviando-lhes verdadeiras caravanas de Amor, que montam postos ao redor da região desequilibrada, atuando em favor daqueles que desencarnam em situação deplorável e evitando maiores desastres no mundo terrestre.

Esquecidos das Leis Divinas que regem a organização e equilíbrio entre os seres, os participantes do carnaval extasiavam-se com o momento, sem mensurarem o resultado espiritual de seus pensamentos e condutas, que formavam um ambiente fétido e doentio, cercado por seres alienados e totalmente entregues à adoração da carne.

É nesse quadro terrível, onde constata-se o atraso moral dos habitantes da Terra, é que encontraremos Laércio, jovem rapaz totalmente entregue às baixezas morais retratadas nas linhas acima, misturado em meio à multidão, onde dança no compasso de uma das canções feitas especialmente para o evento, estimulado pelos gestos sensuais dos dançarinos, que ensinam coreografias depravadas, imitando o ato sexual animalizado.

Apesar da educação espírita desde o berço, Laércio desconsiderava os apelos de sua mãe, Dolores, para evitar as festividades infelizes, onde reinam a depravação dos sentimentos, o mergulho nas sensações da carne, regados a muitos litros de bebidas alcoólicas e substâncias ilícitas entorpecentes.

O rapaz, de belas feições fisionômicas aproveitava de tal condição para somar às suas anotações mentais o número de parceiras que trocava beijos, carícias e vibrações, para, após, disputar com os companheiros aquele que poderia ser considerado o vencedor.

Tal conduta fez-lhe afeiçoar um espírito de aspecto melancólico, com profundas olheiras, roupas imundas, repleto de substância que lembrava terra e que percorria todo o seu corpo espiritual, dando-lhe uma impressão assustadora. O referido habitante do mundo espiritual inferior andava com dificuldade, apoiando-se naqueles que lhe cercavam, caminhando, trôpego, em direção a Laércio, que nada conseguia antever.

No entanto, quando esta entidade aproximou-se de nosso jovem amigo, sintonizado que estava com suas emanações vibratórias asselvajadas, ligando-se intimamente à ele através de fios escuros e emanações mentais sombrias, Laércio sentiu-se em choque, estremecendo com o contato a tão  baixa vibração, porém, como compartilhava idéias com o parceiro desencarnado, continuou a abusar de seu corpo físico e, após surgir os primeiros raios solares, dominado por intensa fadiga, crendo-se acometido de enfermidade súbita, abandonou a via pública em direção ao Lar, seguido de perto pela figura espiritual supramencionada.

Enquanto o filho querido fatigava-se em meio à festividade, sua mãezinha rogava aos Céus a proteção do rebento, enquanto o aguarda, sentada em confortável poltrona na sala de sua residência, situada a alguns quarteirões do evento festivo. Apesar do mérito da mesma, era impossível que suas vibrações de Amor chegassem ao filho, diluindo-se, pouco a pouco, à medida que se aproximava da psicosfera doentia que dominava a avenida.

Chegando ao lar, Laércio ignora os braços estendidos de sua mãe, que exulta em alegria ao ver que seu filho está fisicamente perfeito, sem desconfiar da situação infeliz a que se vinculara. Alegando indisposição, o que seria compreensível após horas de folia, o rapaz banha-se e adentra o quarto para repousar. A entidade espiritual que o seguira até a residência, transmitindo a sensação de cansaço que acometia o jovem, deitara-se igualmente junto dele.

Diante das emanações fluídicas e dos quadros mentais emanados pela entidade, Laércio demonstra inquietação, virando de um lado para outro em sua cama, até que adormece de forma intensamente desconfortável. No estado lastimável em que se encontra, sequer separa-se do corpo físico no fenômeno abençoado do desdobramento, permanecendo junto ao corpo e com seu companheiro espiritual ao lado.

Pesadelos e visões perturbadoras assolam a mente de Laércio, que, mergulhado nas vibrações de pesado teor vibratório do espírito que adormece igualmente alienado ao lado, começa a captar tais emanações, sentindo todo o processo desencarnatório da figura espiritual.

Imaginou-se Laércio em larga calçada, num bairro desconhecido para ele, trôpego pela utilização de bebidas alcoólicas, cambaleante, a vociferar, socando o ar em sua volta, repetindo impropérios para todos que passavam a sua volta. E, ao tentar atravessar a movimentada avenida à sua frente foi atropelado por um veículo em alta velocidade, que chocou-se contra o rapaz, esmigalhando alguns ossos de sua perna, alçando-o a alguns metros do chão e disparando em seguida sem oferecer auxílio algum.

O choque fora demasiado violento para o frágil estado físico de Laércio, que desencarnara após forte impacto de sua fronte no asfalto. No entanto, continuava ligado ao corpo, já que não respeitara as Leis Divinas de conservação da máquina física e do respeito à vida, sendo considerado suicida indireto perante a própria consciência, onde estão gravadas as Leis Imutáveis do Criador.

Sendo assim, acompanhou todo o trajeto que seu corpo fez, abandonando a via pública aonde acontecera o desastre, diante da indiferença de alguns transeuntes e o inconformismo de outros, passando pelo exame pelos peritos médicos, sentindo o metal frio do bisturi a cortar-lhes as carnes, as agulhas a penetrarem em sua pele, costurando-lhe as feridas abertas.

Após tal terrível quadro, viu-se Laércio dentro de um caixão, com seus familiares em volta, questionando-se o porquê daquele pesadelo terrível, envolto em mil dúvidas, indagando a si próprio se os seus entes sentiriam sua falta ao constatarem sua morte, se os mesmos chorariam, sofreriam com a perda.

E, após ver seu corpo ser levado ao cemitério, observar o próprio enterro, onde a terra invadia a cova em que se encontrava o caixão, despertou empapado em suor, com os olhos esbugalhados e com o peito opresso de tanta amargura. Cheiro fétido de podridão envolvia o quarto. Intenso fervor acometeu-lhe a fronte, que parecia em brasas.

Tentou levantar-se, mas as dores em suas pernas eram insuportáveis. Chamou a mãezinha, que despertou assustada com o chamado, comparecendo ao quarto quase que imediatamente. Ao deparar-se com o filho querido naquele estado, sentiu o forte cheiro pútrido e reconheceu a presença da entidade infeliz que acompanhava o filho. Com intensa amargura a oprimir o peito, Dolores orou fervorosamente aos Céus, rogando a intercessão divina para aquele momento angustiante.

Nesse momento, adentra o quarto figura imponente, caracterizada por intensa luz, que ilumina todo o aposento. De sua fronte emitem-se raios luminosos de cores singelas, envolvendo todos os personagens de nossa trama. Dolores sente de imediato a presença de singular figura a envolver-lhe os pensamentos, proporcionando o reequilíbrio das forças mentais e preparando-se para comunicação psicofônica.

Depois desse ser iluminado, adentram outros espíritos, que cercam Laércio e o visitante espiritual, e iniciam uma aplicação de energias revigorantes, desligando os eflúvios de energia desequilibrada, substituindo-as por fluidos revigorantes, resultado do pensamento solidário e fraterno de seus emissores.

Dolores, após dar passividade ao ser de luz que a envolve, inicia transmissão de mensagem de amor, a qual alerta Laércio de suas condutas, suas companhias afetivas e os locais que freqüenta, demonstrando que a melhor proteção do ser encarnado é a oração e a boa conduta.

Finda a bela mensagem, o ambiente doméstico é higienizado pelas forças do Bem, que atuam em nome do Mestre Amado, levando a entidade perturbada e perturbadora numa espécie de maca alvíssima e deixando um leve aroma de éter no aposento, além de um sentimento Pacificado no coração materno tão dedicado ao filho querido.

Reflitamos, portanto, na importância de evitarmos a festividade referida na história acima, aonde se repetem essas e outras ocorrências menos ditosas, contribuindo para o acontecimento de tantos crimes, bem como na queda de seus integrantes no imenso abismo dos desvarios mentais, da expiação e da dor.

Que Jesus nos abençoe a marcha, para que sigamos-Lhe os passos, fiéis no servir, diminuindo as lágrimas e dores alheias e auxiliando o planeta a atingir novo patamar evolutivo neste Universo bendito oferecido por nosso Criador.

6 comentários:

  1. É lamentável que mesmo quando os novos conhecimentos nos chegam, trazendo-nos informações sobre os nossos elevados destinos, ainda se verifiquem na atualidade excessos dessa natureza.

    As Saturnálias romanas pertencem ao passado e não a sociedades que possuem o título de civilização.

    Há nesses momentos grande indisciplina sentimental, onde desejos longamente reprimidos durante meses, ao encontrar ambiente propício, afloram sem controle.

    Enquanto nós estamos mergulhados, mesmo sem saber, em energias tão ambíguas no nosso cotidiano, é triste ver amigos espíritas ainda serem atraídos e irem voluntariamente para esse tipo de atmosfera.

    E alguns dizem: "Mas eu vou apenas para me divertir."
    Certamente, não sou eu que vou tolher o livre-arbítrio deles, mas é muito difícil descer até o pântano e não sair com os pés sujos.
    E mais triste ainda, é verificar que alguns/algumas desses colegas se permitem algumas das licenças morais que lá predominam, justificando que "não há nada demais nisso."

    Sim, há coisa demais nisso e deveríamos analisar com fidelidade a mensagem espírita sobre o Carnaval, ao invés de adaptá-la à nossas conveniências.

    São as velhas pessoas cuja felicidade pertence do pescoço para baixo, em detrimento dos divertimentos saudáveis e positivos.

    Abraços.

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  2. Concordo plenamente.
    Frases como "não há nada demais" servem para tentar enganar a própria consciência, não deixando espaço para qualquer reflexão. Apenas repetem continuamente essa frase até se esquecerem da responsabilidade do conhecimento espírita.

    Mas, como o destino é implacável, há de chegar o dia em que tais festividades serão abandonadas para que se adotem outras espécies de entretenimento, como competições esportivas sem a necessidade imperiosa de existir um vencedor, ou viagens coletivas a campos e praias.

    No entanto, refletindo sobre o assunto, acabo por concluir que se a humanidade, no estágio evolutivo em que se encontra, decidisse por adotar outras formas de comemorar a chegada do verão ou de um novo ano, acabariam repetindo os desvarios nos lugares escolhidos para relaxar, sejam campos ou praias.

    Afinal, o desequilíbrio não se encontra no local da festa, mas sim na mente de seus freqüentadores, que, como o amigo bem frisou, reprimem emoções durante todo o ano para extravasarem no momento propício para tanto.

    Reflitamos, caro amigo! Reflitamos!

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  3. Sim, sem dúvidas.

    Os diversos ambientes guardam as características e qualidades daqueles que os freqüentam.

    Corrupção existe em lugares freqüentados por corruptos.
    Paz existe em lugares freqüentados por pessoas pacíficas.

    Ademais, os excessos do Carnaval existem porque há demanda por eles por parte das próprias pessoas.
    Se não houvesse quem demandasse por esse tipo de divertimento, ela não existiria, pois não teria razão de ser.

    Mas os novos tempos são finalmente chegados, onde haverá uma profunda reavaliação dos diversos valores ora em predomínio, para a implantação de uma melhor ordem de coisas.

    Abraços.

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  4. Este comentário foi removido pelo autor.

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  5. Muito bom, ja tinha debatidoo o assunto outras vezes mas voc trouxe de forma mais ampla! e é verdade Bruninho. Quando acreditamos que estamos em um patamar maior na evolução nos deparamos com coisas tão primitivas e sem a menor moral! Mas é isso para o mal é necessário no planeta que vivemos!

    beijos ;*

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