413. Quando a alma liberta-se do corpo, não estamos diante exatamente de "duas existências" (a do corpo e a da alma). São, na verdade, duas fases da mesma existência.
414. Nos encontramos, durante o sono, com pessoas que conhecemos e com outras as quais achamos desconhecer quando encarnados. Podemos ter amigos em outros países e os visitamos todas as noites, bem como os amigos, parentes e espíritos simpáticos.
415. A utilidade dessas visitas, apesar de não nos recordamos exatamente delas, nos serve como intuição, e inclusive, essas intuições formam idéias que surgem "inexplicavelmente" quando estamos despertos.
416. Apesar de algumas pessoas quererem visitar certo alguém e, para tanto, dizem antes de dormir: "esta noite quero me encontrar em Espírito com tal pessoa, falar com ela e dizer-lhe alguma coisa", não necessariamente se encontrarão com as mesmas, tendo em vista que os objetivos do espírito são outros frente aos objetivos desse mesmo espírito quando encarnado. Pode ser que esse espírito vá visitar o ser que desejou antes de dormir, mas não será por esse fato em si, mas sim por existir uma necessidade maior que o espírito somente enxerga quando desprendido parcialmente dos laços materiais.
417. Espíritos se reúnem e formam verdadeiras assembleias na espiritualidade, visto que os laços de amizade os fazem reunir em espírito.
418. É possível que um espírito verifique se um outro espírito está bem, se desencarnou ou se está passando por alguma dificuldade. Assim, ao despertar, terá um pressentimento sobre a situação do(a) amigo(a).
Transmissão oculta do pensamento
419. Mesmas idéias surgem em vários lugares diferentes pois os Espíritos se comunicam entre si durante o sono. Dessa forma, o Espírito se recorda do que aprendeu e o homem acredita ser obra de sua invenção. Por isso que muitos podem "descobrir" a mesma coisa ao mesmo tempo. "Quando dizeis: uma idéia está no ar, usais de uma figura de linguagem mais justa do que acreditais; cada um, sem saber, contribui para propagá-la."
420. Os espíritos podem se comunicar com outros espíritos, mesmo que estejam acordados, tendo em vista que o espírito não está encarcerado num corpo como numa caixa, ele se irradia para todos os lados.
421. Duas pessoas despertas que tem, instantaneamente, a mesma idéia são espíritos simpáticos. Há, entre eles, uma comunicação de pensamentos que os fazem se compreender sem a necessidade de sinais exteriores.
Letargia, catalepsia, mortes aparentes
422. As pessoas que possuem letargia ou catalepsia, tem ciência do que ocorrem com elas, mas estão impossibilitadas de se comunicarem.
423. Não se comunicam pois o estado do corpo em que se encontram, não as permitem. Tal estado dos órgãos comprova que existe algo mais além do corpo, uma vez que o corpo não funciona mais, porém o espírito ainda age.
424. É possível, através do magnetismo por exemplo, reatar os laços que estão prestes a se romper e tornar à vida um ser que, sem o auxílio, estaria morto. Essa ação restitui ao corpo o fluido vital que falta ao ser auxiliado.
* Diferença básica entre catalepsia e letargia: Ambos provocam a perda momentânea da sensibilidade e do movimento por uma causa fisiológica. A diferença é que, na letargia, há a suspensão geral das forças vitais, dando ao corpo a aparência de morte. Já na catalepsia, o fenômeno é mais localizado e pode afetar uma parte mais ou menos extensa do corpo, permitindo à inteligência que se manifeste. Outra diferença é que a letargia é sempre natural, já a catalepsia é alguma vezes espontânea mas pode ser provocada ou desfeita artificialmente através de ação magnética.
Sonambulismo
425. Relação do sonambulismo com o sonho: O sonambulismo é uma situação de independência do Espírito mais completa do que no sonho, pois suas aptidões e faculdades estão mais afloradas do que no sonho, o qual seria um estado de sonambulismo imperfeito. No sonambulismo, o Espírito tem total posse de si mesmo. Por esse motivo, os órgãos não recebem as influências exteriores. O sonambulismo se dá principalmente durante o sono, quando o espírito se encontra livre da matéria, que repousa. A sua causa pode ser encontrada na preocupação do Espírito, que se utiliza do seu corpo, da mesma forma que se utiliza de um objeto para realizar algo. Já nos sonhos em que se tem consciência, os órgãos começam a despertar, incluindo a memória, as quais recebem impressões confusas e frequentemente sem nexo algum. Por isso que os sonâmbulos não tem lembrança de nada do que ocorrera e os que sonham possuem lembrança, mas em geral essas não tem sentido algum.
426. O sonambulismo magnético se diferencia do sonambulismo natural pelo simples fato do primeiro ser provocado, tão somente.
427. A natureza do fluido magnético é derivada do fluido vital, eletricidade animalizada, que são modificações do fluido universal.
428. A causa da clarividência sonambúlica se encontra na alma, pois esta que vê, e sua visão é mais ampla do que as dos encarnados.
429. O sonâmbulo enxerga através de corpos opacos pois os limites impostos pela matéria somente são aplicáveis aos encarnados. Para o espírito, a matéria não constitui obstáculo, uma vez que a atravessa livremente. "Freqüentemente, o sonâmbulo diz que vê pela fronte, pelo joelho, etc., porque vós, inteiramente presos à matéria, não compreendeis que se possa ver sem o auxílio dos órgãos da visão. Ele mesmo, pelo desejo que tendes, acredita ter necessidade desses órgãos, mas se o deixásseis livre compreenderia que vê por todas as partes de seu corpo ou, melhor dizendo, vê de fora de seu corpo".
430. Apesar desta clarividência, não é possível que os Espíritos imperfeitos vejam e conheçam a tudo. Eles ainda possuem erros e preconceitos. Além disso, quando estão ligados à matéria, estão sujeitos às suas limitações. "Deus deu ao homem a faculdade do sonambulismo com um objetivo útil e sério e não para o que não deve saber; eis por que os sonâmbulos não podem dizer tudo".
431. É possível que o sonâmbulo fale com exatidão de coisas que ignora quando acordado e que estão acima até mesmo de sua capacidade intelectual porque ele possui mais conhecimentos do que supomos. O seu corpo é um entrave para que se possa lembrar das coisas. Afinal, ele é um Espírito encarnado e o estado de sonambulismo o liberta do corpo momentaneamente. "Ao entrar no estado que chamais de transe, ele se recorda, mas nem sempre de uma maneira completa; sabe, mas não poderia dizer de onde lhe vem o que sabe nem como possui esses conhecimentos. Passado o transe, toda lembrança se apaga e ele volta à obscuridade."
Nota de Kardec: Os sonâmbulos também recebem comunicações de outros Espíritos que lhes transmitem o que devem dizer e suprem sua insuficiência. Isso se vê especialmente nas prescrições médicas: o Espírito do sonâmbulo vê o mal, um outro lhe indica o remédio. Essa dupla ação é algumas vezes evidente e se revela, de forma clara, por essas expressões bastante freqüentes:" dizem-me para dizer, proíbem-me de dizer tal coisa". Nesse último caso, há sempre perigo em insistir para obter uma revelação recusada, visto que então são apanhados por Espíritos levianos que falam de tudo sem escrúpulo e sem se preocuparem com a verdade.
432. A visão à distância dos sonâmbulos se explica pelo transporte da alma durante o fenômeno.
433. O desenvolvimento do sonambulismo dependerá da organização física do sonâmbulo e também da natureza do Espírito ali encarnado. Essas características permitirão um maior ou menor desprendimento do Espírito.
434. As faculdades que possuem os sonâmbulos não são as mesmas de Espíritos desencarnados, já que existem as limitações orgânicas proporcionadas pela matéria.
435. A maioria dos sonâmbulos vêem os Espíritos, dependendo do seu grau de lucidez, mas algumas vezes não se dá conta disso e pensa enxergar seres encarnados. Isso acontece principalmente com aqueles que não tem conhecimento espírita. Por isso, acreditam estar diante de pessoas vivas.
436. O sonâmbulo vê à distância através da alma.
437. Como esta alma não deixou totalmente o corpo, ela transmite ao mesmo as sensações de frio ou calor quando se transporta para determinado lugar, mesmo que muito longe de onde está seu corpo. Essa ligação da alma com o corpo constitui-se de um laço que conduz as sensações. "Quando duas pessoas se correspondem de uma cidade a outra por meio da eletricidade, é a eletricidade o laço entre seus pensamentos. Por esse laço se comunicam como se estivessem ao lado uma da outra".
438. O uso que um sonâmbulo faz de sua faculdade influencia diretamente no seu estado espiritual após a morte, "como o bom ou o mau uso de todas as faculdades que Deus deu ao homem.
Êxtase
439. Diferença entre êxtase e sonambulismo: "O êxtase é um sonambulismo mais depurado; a alma do extático é ainda mais independente".
440. O Espírito do extático vê e compreende os mundos superiores e a felicidades daqueles que os habitam. Por isso, deseja lá permanecer. "Mas existem mundos inacessíveis aos Espíritos que não são suficientemente depurados."
441. A depender do grau de pureza do Espírito, ele deseja deixar ou não a Terra. "Se vê sua posição futura melhor do que sua vida presente, faz esforços para romper os laços que o prendem à Terra".
442. E, se o extático fosse abandonado à si mesmo, poderia morrer. "Por isso é preciso fazê-lo voltar apelando para tudo o que pode prendê-lo à vida na Terra e, principalmente, fazendo-o compreender que, se romper a cadeia que o retém aqui, será a maneira certa de não permanecer onde ele vê que seria feliz".
443. O que o extático vê é real para ele, mas como ele se encontra encarnado, acaba exprimindo o que vê numa linguagem apropriada a seus preconceitos ou às ideias em que foi educado, para que seja melhor compreendido. "É, principalmente, nesse sentido que ele pode errar."
444. O extático pode frequentemente se enganar, principalmente quando pretende adentrar assuntos que ainda não deve conhecer, porque aí colocará suas próprias ideias ou as ideias de espíritos inferiores, que se aproveitam de seu entusiasmo para enganá-lo.
445. Os fenômenos do sonambulismo e do êxtase são, verdadeiramente, a vida passada e a vida futura que o homem entrevê. Se estudar esses fenômenos, aí encontrará a solução de mais de um mistério que sua razão procura inutilmente penetrar.
446. Não é possível que o materialista e o ateu compreendam as causas do sonambulismo e do êxtase. Aquele que os estuda de boa-fé, sem prevenções, não pode ser nem materialista nem ateu.
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Na próxima semana, continuaremos com o estudo e prosseguirei postando o resumo das reuniões aqui no blog.
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